Uma grave denúncia contra uma casa de repouso repercutiu após um vídeo [abaixo] que comprova os maus tratos por parte dos funcionários do local ser divulgado. Na filmagem, feita na terça-feira (2), é possível ver que um idoso, com mãos e pés amarrados, é arrastado em chão de terra e brita. O caso ocorreu no município de Taiobeiras, em Minas Gerais.
A denunciante, que gravou todo o ocorrido, registrou boletim de ocorrência logo após fazer a filmagem do ocorrido. Ela procurou a Polícia Militar e o caso será encaminhado para a Polícia Civil.
De acordo com a mulher, logo que chegou em casa, escutou os gritos do idoso, que afirmava estar sendo machucado. Segundo ela, a situação é recorrente. “Me preocupei e resolvi olhar pelo buraco do muro. Ao ver o idoso sendo arrastado no chão de terra e brita, amarrado, peguei o celular e tive a ideia de filmar. Nada justifica amordaçar e arrastar. Os idosos passam a noite em claro, gemem de dor e não tem ninguém pra dar remédio. Isso é recorrente”, contou.
A mulher também afirma que a casa de repouso fica localizada em um outro endereço, mas alguns idosos são levados para o imóvel onde a filmagem foi feita.
Por meio de nota enviada ao portal, a responsável pela casa afirmou que o idoso “se recusou a usar o remédio e partiu para agressões físicas aos demais internos e funcionários da casa. Para evitar que alguém se machucasse, foi necessária a imobilização do mesmo” e que o serviço “é sério, pautado na legalidade e nos direitos humanos”.
A Prefeitura de Taiobeiras informou que o idoso foi levado para o local na terça após interferências das equipes do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas), Centro de Atenção Psicossocial (Caps) e a PM.
“O idoso encontrava-se na rua estava agressivo e não lúcido (sinais de embriaguez e delírio), a ponto de tentar agredir e correr atrás de uma gestante. A intervenção foi realizada conforme relatório do Creas e boletim de ocorrência, com consentimento do idoso, sem uso de força, apenas com diálogo e convencimento”.
O idoso é acompanhado pelo Creas desde 2017 e faz tratamento intensivo no Centro de Atenção Psicossocial (Caps). Ao G1, a responsável pela casa de repouso chegou a contatar a coordenadora do Creas, Maria Jokacia de Araújo Moura, antes mesmo de ter conhecimento sobre o vídeo e relatou que o idoso teve um surto, sendo necessário contê-lo.
“Ela nos procurou antes de ter conhecimento do vídeo e relatou que, após dormir e tomar banho, o idoso levantou em surto, pegou uma pedra e agrediu uma das funcionárias, que está com hematomas pelo corpo. Ela contou que foi algo muito rápido, não tinha a quantidade de pessoas para segurá-lo naquele momento, por isso fizeram a contenção daquela forma para não machucá-lo”.
Ainda segundo a coordenadora, a vítima é alcoólatra e aumenta o nível de agressividade quando bebe. A família dele foi acionada e tentou ajudá-lo, mas, de acordo com ela, o idoso coloca os familiares em risco por conta da agressividade.
Apesar da denunciante afirmar ser recorrente os gritos dos idosos pedindo por socorro, a coordenadora do Creas alega jamais ter recebido denúncia de agressão e que os idosos que vivem lá são acompanhados por uma médica do PSF e por agentes de saúde.
Leia nota da responsável pela casa na íntegra:
Recebemos, na citada data, às 16:00 horas, um senhor com problemas mentais, que estava abrigado nas ruas de Taiobeiras e faz acompanhamento no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS). Chegando na instituição, foi recebido pelos funcionários, que atenderam as suas necessidades básicas como: alimentação, higienização e um local para repouso. Passado cerca de 1 hora, no momento da medicação, o paciente se recusou a usar o remédio e partiu para agressões físicas aos demais internos e funcionários da casa. Para evitar que alguém se machucasse, foi necessária a imobilização do mesmo.
Ademais, o que está sendo exposto em redes sociais, está desconexo com a situação fática, e as pessoas que conhecem e acompanham a instituição podem atestar que o serviço que prestamos aos nossos pacientes é sério, pautado na legalidade e nos direitos humanos.
Estamos à disposição da imprensa, órgãos públicos e sociedade para esclarecer de forma fidedigna os fatos que foram distorcidos de forma maliciosa e publicados na internet para apreciação do público com o intuito de denegrir a instituição que sempre preza pelo bom acolhimento de todos.