UNIVERSIDADES ESTADUAIS DA BAHIA AMEAÇADAS DE FALÊNCIA PORQUE NÃO RECEBEM DINHEIRO DO GOVERNO

Os reitores das quatro Universidades Estaduais da Bahia, acompanhados do deputado federal Waldenor Pereira, saíram desolados da audiência com o ministro interino da Educação, Henrique Paim, onde foram solicitar a liberação de recursos da ordem de R$ 20 milhões, oriundos de emendas parlamentares destinadas às instituições, e o repasse retroativo da diferença de recursos do programa Sisu – sistema informatizado do Ministério da Educação por meio do qual as instituições públicas de educação superior oferecem vagas a candidatos participantes do Enem. Ao invés do dinheiro, o ministro mandou elaborar projetos, que, se forem aprovados, poderão receber os recursos “no fim de 2013″. A Reitoria da Universidade de Feira de Santana distribui uma nota, abaixo reproduzida na íntegra, na qual demonstra seu desespero diante da situação pré-falimentar:
SOBRE A EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA DA UEFS EM 2013, RESTOS A PAGAR E DESPESAS DO EXERCÍCIO ANTERIOR

“Nestes primeiros meses de 2013, a UEFS não tem conseguido regularizar débitos contraídos ao final do ano de 2012. O grande volume de recursos retidos pelo Tesouro Estadual (inclusive os relativos ao presente exercício) e as dificuldades operacionais do novo Sistema de Planejamento, Contabilidade e Finanças (FIPLAN) atingem os mais diversos serviços e projetos institucionais.
Estão em atraso, por exemplo, pagamentos relativos a despesas com viagens, aquisição de material de consumo e bolsas institucionais (até mesmo as de estudantes em intercâmbio internacional). As contas mensais de concessionárias de água e esgotos, de telefonia e de energia elétrica estão sem pagamento. Os tributos municipais e federais não têm sido liquidados. E estão comprometidos os cronogramas de conclusão de obras de laboratórios e salas de aula, previstos para ocorrerem até o mês de janeiro, em decorrência da falta de pagamento dos serviços realizados até dezembro de 2012.
Ainda não é possível mensurar-se a extensão dos prejuízos às atividades de ensino, extensão e pesquisa. Mas as limitações decorrentes destes atrasos provocam inadimplemento de requisitos fiscais e de prazos, ameaçando a continuidade de diversos projetos interinstitucionais, bem como podem vir a impedir que a UEFS obtenha novos financiamentos externos, principalmente da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP). Igualmente, a ausência de pagamentos de bolsas ameaça a própria sobrevivência de centenas de estudantes, comprometendo a política universitária de permanência estudantil. Com o iminente início do Semestre Letivo 2013.1, até mesmo serviços essenciais às atividades institucionais podem ser seriamente afetados.
É importante esclarecer-se que a UEFS encerrou o exercício financeiro de 2012 com Restos a Pagar (RP) da ordem de R$ 6,4 milhões, em razão de dificuldades do Estado na liberação de pagamentos, embora a Universidade tenha realizado, em tempo hábil, todos os procedimentos cabíveis, dentro dos limites de sua dotação orçamentária. Outros créditos relativos àquele ano (e que exercem impacto sobre o orçamento de 2013) foram registrados como Despesas de Exercícios Anteriores (DEA), no início de 2013, em montante estimado de R$ 2,5 milhões.
Em anos anteriores, esses créditos eram recebidos a partir de fevereiro, sendo que a execução orçamentária do exercício iniciava-se na segunda quinzena de janeiro. Porém, na prática, os procedimentos do referido FIPLAN ainda não estão suficientemente difundidos e equacionados, de modo a permitir execução financeira com a rapidez e eficiência necessárias. Isso implica que, até o presente momento, apesar de todos os esforços institucionais, pagamentos das despesas relativas ao ano de 2012 continuem emperrados, em prejuízo de pessoas físicas e jurídicas, fornecedores e prestadores de serviços. Ainda, em consequência, não há, sequer, como se estabelecer previsões para as liberações de recursos por parte do Tesouro Estadual.
A Reitoria da UEFS, considerando a gravidade da situação, tem envidados os esforços necessários à superação das barreiras e resolução do problema. Porém, sente-se no dever de esclarecer a comunidade universitária, aos seus credores e ao público em geral que, neste momento: 1) os pagamentos aos credores não dependem apenas das ações internas da UEFS; 2) suas equipes continuam buscando soluções para o problema, no mais breve tempo possível; e, finalmente, 3) continuará empenhando-se, junto ao Governo do Estado, para garantir os recursos necessários ao atendimento das demandas da Universidade”.