As camadas internas da Terra abrigam um ambiente saturado de água, segundo revelou um novo estudo de geólogos alemães, que sustentou que o interior da Terra, mais concretamente a ‘zona de transição’ (camada que separa o manto superior do manto inferior), pode ter o equivalente a seis vezes a quantidade de água de todos os oceanos da Terra.
“Neste estudo, demonstramos que a zona de transição não é uma esponja seca, mas contém quantidades consideráveis de água. Isso também nos aproxima da ideia de Júlio Verne de um oceano dentro da Terra. A diferença é que não há um oceano lá embaixo, mas sim rochas hidratadas”, explicou Frank Brenker, da Universidade Goethe.
A ‘zona de transição’ está situada a uma profundidade de entre 410 a 660 quilômetros, sob imensa pressão – de até 23 mil bar -, o que faz com que o mineral olivina, também conhecido como peridoto e que constitui cerca de 70% do manto superior da Terra, tenha a sua estrutura cristalina alterada. No limite superior da ‘zona de transição’, a cerca de 410 quilômetros de profundidade, a olivina converte-se num mineral mais denso, chamado wadsleyite; e, a 520 quilômetros, muda para a ainda mais densa ela se metamorfoseia na ainda mais densa ringwoodita.
Um estudo de um diamante extraído na mina Karowe, no Botswana, provou que o diamante ultra-raro prendeu e protegeu uma amostra do manto inferior da Terra na sua jornada de uma profundidade de aproximadamente 660 quilômetros até à superfície. Além disso, as análises sugerem que o ambiente em que se formou é rico em água.
“A existência de ringwoodita, junto com as fases hidratadas, indicam um ambiente úmido nesse limite”, escreveu uma equipa de investigadores liderada pelo físico mineral Tingting Gu, do Instituto Gemológico de Nova York e da Universidade de Purdue. “Embora a formação de diamantes do manto superior seja frequentemente associada à presença de fluidos, os diamantes super profundos com conjuntos minerais retrogredidos semelhantes raramente foram observados acompanhados por minerais hidratados”, sustentaram.
As análises revelaram que a pedra contém inúmeras inclusões de ringwoodita – que apresentam alto teor de água. Além disso, os investigadores conseguiram determinar a composição química da pedra: é quase exatamente a mesma de praticamente todos os fragmentos de rocha do manto encontrados em basaltos em qualquer lugar do mundo.
Fonte: Multi news