Corpo feminino: Território colonizado

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Por: Rosemeire Cerqueira

Objetificar e sexualizar o corpo feminino para atrair a atenção do público e para vender produtos é uma  arma utilizada há tempos pela publicidade e  pela indústria de entretenimento que reforça de maneira indiscutível os valores patriarcais da sociedade brasileira.

O que vemos, justamente agora, quando  o direito e a  defesa da igualdade entre os gêneros é amplamente divulgada e discutida é a objetificação extrema da mulher.

Todos os dias assistimos  corpos femininos serem vendidos como mercadoria; pernas, seios, músculos bem torneados, barrigas invejáveis, bumbuns colossais ganham a mídia de forma assombrosa e irrestrita. Além de objetificar o corpo feminino  e de retratar a mulher de forma estereotipada, a mídia insiste em impor à  mulher um padrão de beleza que, muitas vezes, gera discriminação, depressão, preconceitos, doenças e em alguns casos leva, até mesmo, mulheres à morte, pois em busca desse corpo perfeito (criado pela mídia),  muitas recorrem a procedimentos que acabam ceifando suas vidas.

Coluna. A vida em dueto

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Foto: reprodução

Quero cantar a vida em dueto

Com toda a sua imponência

Em um tom, embebida nas suas delícias

Saboreando o paradisíaco dos seus encantos…

A cumplicidade dos corações apaixonados

Dos olhares recheados de benevolência

Dos amores sublimes

Da intrepidez dos corajosos

Do encanto do sorriso da criança

Do pulsar do coração materno

Do afago do abraço de um amigo.

E, nesse mesmo tom, sem desafinar,

Quero cantar o valor da liberdade

A importância da consciência

E a equiescência do outro como o é.

Em outro tom, quero cantar o meu protesto

Repudiando as injustiças sociais

O desrespeito à vida humana

A competição desleal entre os chamados “seres racionais”.

Não quero desafinar nessa minha melodia

E, como uma admiradora das maravilhas da vida,

Quero me apaixonar todos os dias por suas grandezas

Desencadeando a chama da esperança

Persistindo na certeza… se todos…

Se juntarem num só voz

Poderemos ter a mais bela sinfonia

Do amor universal.

Coluna. Estamos perdendo tempo

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Foto: Internet

Por. Luzitânia Silva

Temos perdido tempo. Estamos perdendo a compostura ou nos comportando demais. Vemos mais as pessoas e as enxergamos menos. Publicamos nas redes sociais tanto “eu te amo” e mensagens de afeto exageradamente açucaradas a outrem e infelizmente, na prática, não vivenciamos isso. Na verdade, muitas vezes nem nos amamos. É triste. Triste saber que estamos nos perdendo… Recuso-me a cogitar a hipótese que já estamos perdidos.

É impressionante perceber o quanto damos valor a coisas fugazes e que, na maioria das vezes, nem fazem sentido. Não nos enaltecem, não melhoram nossas vidas, só nos prejudicam ou não nos acrescentam nada. Nossas vidas ficam vazias, mesmo abarrotadas de coisas.

Precisamos modificar nossa realidade antes que o tempo finde. Antes que não haja mais pra onde ir. Antes que nos percamos de vez de nós mesmos e que não sobre nem resquício do que fomos um dia, do que sonhamos, do que planejamos para nós. Antes que não nos reconheçamos a nos olhar no espelho.

PTN NEWS

Coluna. A dor que agora dói

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Por. Marilene Oliveira

Sinto o meu ser naufragado em um mar pérfido

Lágrimas ácidas deslizam pela minha face

Corroem impiedosamente a minha dor implícita

Não sei ao certo se sinto comiseração ou odiosidade.

Sou vítima de uma sociedade ignóbil e presunçosa

que usa a irrupção e o engodo

seu discurso é belicoso e pacóvio

sua nódoa insalubre tenta manchar minha alma inocente.

Essa dor que agora dói é efêmera

Prefiro manter-me taciturna

Busco guarida no tempo

Para mim, o que importa mesmo,

É ouvir a voz da minha consciência

Não darei ouvidos a discursos insolentes.

Essa dor que agora dói

Não sei ao certo “se é boa ou má

Só o tempo dirá”.

PTN NEWS

INEVITÁVEL!/?

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Por. Luzitânia Silva

Eles eram perfeitos. Nenhum casal parecia se dar tão bem. Nenhum poderia se amar tanto. Eram juntos, a inspiração para qualquer poeta desestimulado e com crise de criatividade. Eram juntos a tampa e a panela, a laranja inteira, as almas-gêmeas. Perfeição era uma palavra rasa perto da imensidão do amor de ambos, mas eles pararam de enxergar isso e passaram a ver o insignificante.

__ Já estou indo – disse ele, pegando suas malas.

__ Você quer assim, então vai – resmungou ela.

Não deram um beijo no rosto, um aperto de mão singelo ou algo do tipo. Ficaram apenas a se olhar de esguelha, sem entender o porquê de tudo estar terminando daquela forma, até ele dar as costas e sair e ela ficar atônita, sem nem pestanejar.

Juliano e Simone eram casados há quinze anos, tinham uma filha de três anos e um filho de dez, e foram muito felizes, porém uma crise, que não deram ligança a princípio, se instalou e com isso, nunca mais foram os mesmos.

JUDICIALIZAÇÃO NA SAÚDE


pauloleitao

  Por; Luzitânia Silva

A judicialização na saúde vem sendo discutida no Brasil e levantando inúmeros questionamentos quanto a sua eficácia, seus prós e contras, todavia ainda há muito que se debater a fim de entender como ela se dá e como deve ser feita. Cabe ressaltar que, de acordo com RIOS (2003), a intervenção judicial na área da saúde emergiu nos anos 90 a partir da necessidade de as pessoas soropositivas adquirirem medicamentos de custo elevado. Com isso, a prática foi sendo difundida, principalmente por Organizações Não governamentais, ocasionando em algo dispendioso para os cofres públicos. Para os gestores públicos, a judicialização na saúde é um problema, sobretudo porque não há verbas para custear medicamentos, tratamentos e outras prestações de serviços de saúde pelo Estado, muitas vezes caríssimos e considerados adequados apenas pelos prescritores e em alguns casos tendo efeito questionável, como é o caso de alguns medicamentos sem certificação da Agência Nacional da Vigilância Sanitária – ANVISA.

Coluna. Por você!

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Luzitânia Silva

Pra você eu não quero escrever textos saudosos, doídos, chorosos e agonizantes como músicas que por si só já são uma sofrência.

Por você eu não quero me lastimar, entristecer e sentir a dor mais profunda e insuportável para minh’alma, porque bem sei do meu passado. Só eu sei de minhas vivências, meus bramidos aflitos, meus pesares anteriores e que hoje pouco me acrescentam. Apenas eu compreendo a saudade sentida diariamente quando não te vejo, não te ouço, não te toco…

Sinto saudade sempre, contudo não quero torná-la corrosiva como ácido em contato com a pele. Quero senti-la de vez em quando, mas sem remorso, sem pungir, angústias e impressão de perder o ar e a vontade de respirar.

Não quero ouvir canções remontantes à tristeza de ter perdido o amor de alguém tão amado. Caso as ouça, que não causem destruição no meu ser e as letras não me machuquem como uma flecha direcionada ao meu peito.

Por você não quero tomar tanto álcool, transformando cadeira de bar em divã e garçom em psicólogo.

Por você faria tanta coisa e não faria nada. Às vezes é melhor ficar inerte.

Uma antítese, dualidade, é saber que você é o melhor e o pior de mim, me sossegando e trazendo inquietação, mesmo intentando que esse último não seja uma constante. Torço pela superioridade do bom e do belo.

Pra você almejo entregar meu ser através de atos e palavras, sem deixar de me ter. Sem deixar de me bastar.

PTN NEWS

Enquanto uns choravam, outros sorriam

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Foto: Reprodução

Por Marilene Oliveira

Em uma cidadezinha do Recôncavo Baiano havia, apenas, uma funerária para atender a demanda dos defuntos. Houve um período em que muita gente estava morrendo. Que horror! Quase toda semana morria pelo menos uma pessoa.  Já acontecerem até três sepultamentos em um único dia. Para uma pequena cidade era um número estarrecedor.

Coitado do coveiro! Não tinha mais sossego. Se ausentar da cidade, só se fosse em pensamento! O seu trabalho tinha aumentado e muito. Era um subir e descer a ladeira de acesso ao cemitério. Pensou até em construir uma casinha ali mesmo, ao lado da mansão de todos nós. Às vezes, mal chagava em casa, alguém já estava batendo na sua porta, pedindo-lhe para ir cavar outra cova. Quando o solo estava úmido, ótimo para executar o serviço, mas quando demorava para chover, era um sufoco. E, assim, foi a sua rotina por muito tempo.

Como a lei da procura era superior à lei da oferta, nas suas poucas horas vagas, o coveiro já ia adiantando o serviço, cavando novas covas. As pessoas supersticiosas não estavam gostando nada disso, começaram a atribuir a razão de tantas mortes ao “agouro” do coveiro.  

Se não bastasse, uma das paredes laterais do cemitério desmoronou e o local ficou aberto por um bom tempo. Muitos diziam que a porta estava aberta, chamando as pessoas. Esse fato rendeu muita conversa na pacata cidade.

Coluna. LIBERTA

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Por: Luzitânia Silva

Ela se levantou, se reergueu, desnudou o corpo e desanuviou a mente. Precisava daquele momento íntimo. Carecia daquela metamorfose, necessitava partir dali, de onde sempre se encontrou, daquele estado de inércia que a aprisionava há anos.

Ninguém a entendia e nem precisava entendê-la. Ela descobriu isso recentemente. Ela começaria a desbravar o mundo e se conhecer de fato, de modo inimaginável até então.

A possibilidade de desvendar a si mesma nunca havia sido tão gostosa e desafiadora. Mais que qualquer coisa, a vida passou a excitá-la. A vida passou a fazer sentido porque ela começou a se enxergar além daquele mundinho fétido, sujo e pequeno em que vivia.

Ela sentia… Ela sentia o vento bagunçar seus cabelos longos e pretos. Ela se via abrindo os braços para a liberdade e notava o corpo até mais leve… Ela… Ela cansou de chorar. Cansou e não queria mais. Não se submeteria novamente aquela situação enfraquecedora e que sempre a deixava de mãos e pés atados.

Ela sabia… Ela tinha certeza… A vida sorria pra ela. Muros estavam sendo destruídos, ovos quebrados, vidros estilhaçados e o sangue, o sangue que escorria dos seus pés frágeis ao pisar naquilo tudo a tornava mais resistente. O sorriso… O sorriso tímido em seus lábios, um misto de medo e imediatismo, saía como o sol por entre as nuvens após a tempestade.

Ela se desnudou da culpa, deixou o passado no passado e caminha sem esconder-se dos olhares julgadores das pessoas. Decerto a algema tenta prendê-la de alguma forma ainda, entretanto ela está acordada e munida… Munida de amor próprio.

Munida de amor pela vida! Ela conseguiu e mereceu se libertar.

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