JUDICIALIZAÇÃO NA SAÚDE


pauloleitao

  Por; Luzitânia Silva

A judicialização na saúde vem sendo discutida no Brasil e levantando inúmeros questionamentos quanto a sua eficácia, seus prós e contras, todavia ainda há muito que se debater a fim de entender como ela se dá e como deve ser feita. Cabe ressaltar que, de acordo com RIOS (2003), a intervenção judicial na área da saúde emergiu nos anos 90 a partir da necessidade de as pessoas soropositivas adquirirem medicamentos de custo elevado. Com isso, a prática foi sendo difundida, principalmente por Organizações Não governamentais, ocasionando em algo dispendioso para os cofres públicos. Para os gestores públicos, a judicialização na saúde é um problema, sobretudo porque não há verbas para custear medicamentos, tratamentos e outras prestações de serviços de saúde pelo Estado, muitas vezes caríssimos e considerados adequados apenas pelos prescritores e em alguns casos tendo efeito questionável, como é o caso de alguns medicamentos sem certificação da Agência Nacional da Vigilância Sanitária – ANVISA.

Coluna. Por você!

4

Luzitânia Silva

Pra você eu não quero escrever textos saudosos, doídos, chorosos e agonizantes como músicas que por si só já são uma sofrência.

Por você eu não quero me lastimar, entristecer e sentir a dor mais profunda e insuportável para minh’alma, porque bem sei do meu passado. Só eu sei de minhas vivências, meus bramidos aflitos, meus pesares anteriores e que hoje pouco me acrescentam. Apenas eu compreendo a saudade sentida diariamente quando não te vejo, não te ouço, não te toco…

Sinto saudade sempre, contudo não quero torná-la corrosiva como ácido em contato com a pele. Quero senti-la de vez em quando, mas sem remorso, sem pungir, angústias e impressão de perder o ar e a vontade de respirar.

Não quero ouvir canções remontantes à tristeza de ter perdido o amor de alguém tão amado. Caso as ouça, que não causem destruição no meu ser e as letras não me machuquem como uma flecha direcionada ao meu peito.

Por você não quero tomar tanto álcool, transformando cadeira de bar em divã e garçom em psicólogo.

Por você faria tanta coisa e não faria nada. Às vezes é melhor ficar inerte.

Uma antítese, dualidade, é saber que você é o melhor e o pior de mim, me sossegando e trazendo inquietação, mesmo intentando que esse último não seja uma constante. Torço pela superioridade do bom e do belo.

Pra você almejo entregar meu ser através de atos e palavras, sem deixar de me ter. Sem deixar de me bastar.

PTN NEWS

Enquanto uns choravam, outros sorriam

4
Foto: Reprodução

Por Marilene Oliveira

Em uma cidadezinha do Recôncavo Baiano havia, apenas, uma funerária para atender a demanda dos defuntos. Houve um período em que muita gente estava morrendo. Que horror! Quase toda semana morria pelo menos uma pessoa.  Já acontecerem até três sepultamentos em um único dia. Para uma pequena cidade era um número estarrecedor.

Coitado do coveiro! Não tinha mais sossego. Se ausentar da cidade, só se fosse em pensamento! O seu trabalho tinha aumentado e muito. Era um subir e descer a ladeira de acesso ao cemitério. Pensou até em construir uma casinha ali mesmo, ao lado da mansão de todos nós. Às vezes, mal chagava em casa, alguém já estava batendo na sua porta, pedindo-lhe para ir cavar outra cova. Quando o solo estava úmido, ótimo para executar o serviço, mas quando demorava para chover, era um sufoco. E, assim, foi a sua rotina por muito tempo.

Como a lei da procura era superior à lei da oferta, nas suas poucas horas vagas, o coveiro já ia adiantando o serviço, cavando novas covas. As pessoas supersticiosas não estavam gostando nada disso, começaram a atribuir a razão de tantas mortes ao “agouro” do coveiro.  

Se não bastasse, uma das paredes laterais do cemitério desmoronou e o local ficou aberto por um bom tempo. Muitos diziam que a porta estava aberta, chamando as pessoas. Esse fato rendeu muita conversa na pacata cidade.

Coluna. LIBERTA

4

Por: Luzitânia Silva

Ela se levantou, se reergueu, desnudou o corpo e desanuviou a mente. Precisava daquele momento íntimo. Carecia daquela metamorfose, necessitava partir dali, de onde sempre se encontrou, daquele estado de inércia que a aprisionava há anos.

Ninguém a entendia e nem precisava entendê-la. Ela descobriu isso recentemente. Ela começaria a desbravar o mundo e se conhecer de fato, de modo inimaginável até então.

A possibilidade de desvendar a si mesma nunca havia sido tão gostosa e desafiadora. Mais que qualquer coisa, a vida passou a excitá-la. A vida passou a fazer sentido porque ela começou a se enxergar além daquele mundinho fétido, sujo e pequeno em que vivia.

Ela sentia… Ela sentia o vento bagunçar seus cabelos longos e pretos. Ela se via abrindo os braços para a liberdade e notava o corpo até mais leve… Ela… Ela cansou de chorar. Cansou e não queria mais. Não se submeteria novamente aquela situação enfraquecedora e que sempre a deixava de mãos e pés atados.

Ela sabia… Ela tinha certeza… A vida sorria pra ela. Muros estavam sendo destruídos, ovos quebrados, vidros estilhaçados e o sangue, o sangue que escorria dos seus pés frágeis ao pisar naquilo tudo a tornava mais resistente. O sorriso… O sorriso tímido em seus lábios, um misto de medo e imediatismo, saía como o sol por entre as nuvens após a tempestade.

Ela se desnudou da culpa, deixou o passado no passado e caminha sem esconder-se dos olhares julgadores das pessoas. Decerto a algema tenta prendê-la de alguma forma ainda, entretanto ela está acordada e munida… Munida de amor próprio.

Munida de amor pela vida! Ela conseguiu e mereceu se libertar.

PTN NEWS

MUDE O FOCO!

4

Por: Luzitânia Silva

De repente você acha que sua vida não tem sentido, nada dá certo pra você. Sofre enxovalhos, às vezes se cala diante da tempestade não apenas esperando o momento certo de falar, mas porque perdeu a voz e não sabe mais o que dizer.

Quantas vezes pensou em desistir da vida? Quantos sonhos esboçados deixaram de virar pintura? Quanto tempo perdeu na estrada? Quantas palavras deixaram de se unir e virar um poema memorável? Quanta coisa ficou no caminho e você não pode voltar pra buscar? Quantos momentos perdidos? Quantas emoções escondidas? Quantos choros contidos? Quantas palavras não proferidas? Quanto tempo que se perde pensando no passado!

Sinceramente, precisa-se mudar o foco. A vida não te espera, os momentos não voltam e seu hoje corre sério risco de ficar eternamente vinculado ao saudosismo.  Seu futuro possivelmente será engavetado.

É fácil mudar? Claro que não! Quem disse que seria? Achar forças nas adversidades, ser flexível e resiliente são características importantes, no entanto não devemos nos sentir obrigados a ser perfeitos. 

Chore de tristeza ou alegria. Ria, mesmo que o riso seja histérico. Levanta a cabeça, abaixe-a quando os ombros estiverem carregando o maior peso possível, se não conseguir permanecer erguida. 

Quem disse que devemos ser exímios em tudo o tempo todo? Quem disse que alguém é inferior por ter sentimentos e cair por vezes? Só não devemos permanecer no chão porque aí já se caracteriza como fraqueza. 

Aproveite as oportunidades que surgem, entretanto não se martirize se passarem despercebidas. Seja feliz e faça alguém feliz, consciente de que a felicidade não está somente em coisas grandiosas, mas nas coisas simples da vida. Mude o foco quando necessário! Não deixe de ser você mesmo!

Coluna. RATOS

ratos ptn news

Ratos, ratos, muitos ratos por toda parte

Por todos os lugares

Nos becos, nas praças

Nos casebres e nos palácios.

Ratos… ratos!

De várias cores, de vários tamanhos

Querem o meu queijo, querem a minha consciência

Audaciosos, persuasivos, sensatos, indiferentes.

Tento me proteger, acham-me

Às vezes, ajudo-os a construírem os seus castelos

Seria ingenuidade da minha parte?

Ratos… ratos!

Em grupos, individualmente

Em disparada, ou em câmara lenta

Não importa, são ratos.

Devoram, desconstroem, constroem.

Eles brigam entre si

Eles fazem aliança entre si

Dividem o queijo, fatiam a pizza, todos se saciam

Enquanto isso, continuo faminta

Faminta de justiça, faminta de direito

Esquecida. Ah! Não por muito tempo

Muitos ratos voltarão em busca de mais queijo.

Coluna. O que de fato importa

4

Por Luzitânia Silva

Os caracóis de seus cabelos rubros caíam fartos sobre os ombros. Os fios brilhavam cada vez mais à medida que o sol resplandecia. As lágrimas escorriam pelo rosto angelical e seu coração aflito parecia querer saltar pela boca. Já chegava à clínica enquanto pensava no ocorrido.

Ainda ontem seu namorado sumiu do mapa. Juliana se lembrava da cena como se vivenciasse no exato momento. Rafael deitado na cama, entrelaçado a uma mulher, sua melhor amiga, a Kátia. Seus corpos nus, cobertos apenas por um lençol branco e fino, demonstravam intimidade descomunal, já que aparentavam se odiar anteriormente.

Se quisesse deixar a Kátia irritada, falasse de Rafael em sua frente. O veneno escorria no canto da boca e as palavras proferidas deixavam qualquer ser humano perplexo.

Caso Juliana ousasse pensar em mencionar o nome da amiga, Rafael se rebelava de imediato, falando impropérios a respeito da dita cuja. Mas, chegava a ser chocante, tanto ódio não passava de paixão animalesca. Era tosco. Imundo. Podre. Vê-los dormindo após a possível selvageria anterior a indignava, do mesmo modo que a deixava petrificada na porta do quarto, sem fazer o mínimo ruído.

Com boca entreaberta, olhos arregalados, pele pálida e corpo imóvel, ela não cria na visão infernal. Pensou em sair dali, tentando anular aquilo de sua memória ou sabe-se lá o que… Ela não tinha ideia para onde ir, se deixaria a chave do apartamento dele em cima de uma mesinha na sala ou levaria consigo. Não conseguia nem chorar.

Em uma fria noite de verão

4

Por: Marilene Oliveira

Fim de expediente. Começo de noite. Trânsito congestionado. Pessoas apressadas dirigem-se ao ponto de ônibus. Todos lutam por um espaço. Crianças, adolescentes, jovens, muitos dispersos nas ruas. Talvez, vítimas de uma sociedade desigual. Apática. Sem nenhum medo ou receio, usam, vendem e partilham drogas. Rostos desfigurados, olhares sombrios. Diálogos confusos. Ficam prontos para aplicar o golpe nas pessoas que passam por ali. Ameaçadas por esses sujeitos, algumas reagem. Outras correm. De outras, tudo é levado. Gritos… choros… pânicos… correrias… revoltas… protestos. Valores transgredidos … condutas violadas…  Abismo à frente. Olhos vedados.

A rua é o mundo. O espaço. O tudo. Observo as cenas. As pessoas. Os atos. Gostaria de não ver esses episódios. Infelizmente contemplo, também, muitas pessoas buscando a sobrevivência nos lixões, disputando restos de alimentos com os cães, urubus, ratos… “Bichos!” “Bichos!” Meu Deus! A lei da sobrevivência! Outras sendo exploradas sexualmente, vendendo os seus corpos como se fossem simples mercadorias. Como dói. Há esperança para essas pessoas? Enquanto isso, convivo numa sociedade capitalista, na qual a divisão de bens é injusta, resultando numa relação dicotômica entre exploradores e explorados, aumentando, consequentemente, o número de mais “miseráveis” no país. Não aceito essa situação!

O céu está nebuloso. Parece que vai chover. Não demora muito e a chuva cai. O asfalto fica brilhando. Em pouco tempo, pequenas lagoas são formadas. Ruas inundadas. Caos total em alguns pontos da cidade. Os carros passam em disparada espirrando aquele líquido contaminado em tudo e contaminando as pessoas que estão por perto.

– Mal educado! Seu filho da p… Alguém grita.

A noite fica mais tensa. A chuva não cessa. Ligo o som. O limpador de para-brisas dança para lá e para cá incessantemente. A visibilidade fica comprometida. Os vidros embaçados. O semáforo fecha. Sinto medo… fico angustiada. Ao redor vejo crianças vendendo balas. Em meio a tudo isso, aproveito a parada para trocar o CD. Preciso ouvir uma música para relaxar. 40, 39, 38… 3, 2, 1. Abre-se o sinal. Alguns motoristas imprudentes e mal educados querem sair às pressas. Buzinas. Xingamentos. Palavrões e às vezes tiros.  Seria tão bom se todos fôssemos eticamente corretos!

Mais respeito e amor, por favor!

4

Por Luzitânia Silva

Como a pessoa metamorfoseada que sou, permito-me a discordância não raras vezes. Discordo inclusive de ter discordado de algo que opinei no passado e entendo que isso me torna um ser humano complexo e mutável. Falando nisto, lembro-me de ter dissentido de uma frase cantada e dita pelo saudoso Renato Russo: “A humanidade é desumana”, entretanto hoje compartilho da ideia, pois são observáveis atrocidades, chegando a embrulhar o estômago, me impulsionando a desacreditar no belo e bom.

Pessoas tiram vidas de outras por motivos que chegam a ser bizarros, onde fica evidente a busca irracional pelo poder e o sentimento da suposta superioridade em relação aos demais.  Pais matando filhos, filhos matando pais, marido esfaqueando esposa, namorada castrando namorado, intimidades sendo reveladas nas redes sociais, disputas de gangues, disputa por poder, xenofobia, homofobia, racismo, dentre outros fatos que deixam os nervos à flor da pele e o cabelo em pé.

Mulher: Escrava dos seus medos, refém da sociedade

4

Rosemeire Cerqueira

O papel da mulher na sociedade é uma construção histórica marcada pela submissão imposta que, até hoje, traz exposta as marcas das correntes que a manteve em cativeiro durante séculos e, mesmo estando em pleno século XXI, onde a liberação feminina é proclamada aos gritos e a igualdade de direitos é fato consumado ( ao menos no papel), ainda vivemos nas prisões psicológicas as quais fomos condenadas durante séculos de obediência servil.

Conviver com a liberdade é algo relativamente novo para as mulheres. Porém, até que ponto somos realmente livres, até que ponto sabemos e nos é permitido tomar posse da liberdade conquistada? Ora, muitos são os discursos que abordam essa tal liberdade feminina, mas será que de fato ela existe na prática? Será que no seu dia a dia a mulher tem espaço para exercer sua liberdade sem ser menosprezada ou adjetivada negativamente ( sinceramente, acho que não!).

Ser livre, pressupõe-se ter direito a fazer sua própria escolha, ter direito a livre arbítrio para tomar suas decisões sem sofre pressões de espécie alguma e sem ser julgada por suas opções, sejam elas quais forem. Então, se ser livre compreende todas estas coisas citadas acima fica a seguinte reflexão: Mulher, será que você realmente é livre? Pare, pense, reflita!