Escirto por Luzitânia Silva
Olhos rígidos fitavam o horizonte. O rosto pálido não mais lembrava a alegria de algumas horas anteriores. O tio… O convite… A casa na árvore… O bosque… A água doce… Motivos de júbilo se transformaram em tempestade com direito a raios e trovões de maneira brusca.
A dor, o choro, a inquietação e a surpresa tornaram rapidamente a vida da menina em martírio. A ferida jamais a deixaria, no máximo se transformaria numa cicatriz gigantesca. Um fardo que para sua pouca idade dificilmente ela conseguiria carregar.
– Vamos passear? – disse o tio, o mais querido dentre todos.
– Para onde? – perguntou a garota com olhos radiantes.
– Vou te mostrar uma casa na árvore que eu brincava quando criança.
– Sério, tio? – surpresa, o abraçou com vontade, como a moleca que era.
– Seríssimo, meu doce! Lá tem um rio incrível, dá até pra ver peixinhos. A água é bem límpida.