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O soldado Neandro Santos de Oliveira, do 31º BPM (Recreio), pode ser o 60º policial assassinado este ano no Rio. Ele desapareceu na noite de segunda-feira ao ser identificado no Chapadão, em Costa Barros. A Delegacia de Homicídios da Capital (DH) tenta descobrir se algum dos corpos carbonizados encontrados ontem na região é do PM. O caso ilustra a rotina dos policiais no Rio, estado campeão de mortes de agentes de segurança, de acordo com o Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Em 2014, foram 98 policiais assassinados, quase 25% dos 398 agentes mortos no país.
De acordo com a socióloga e coordenadora do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Candido Mendes, Julita Lemgruber, o erro está na estratégia da política de segurança, que optou pelo enfrentamento. “Essa opção se fez inclusive em áreas de UPP. O número de mortos, sejam policiais, criminosos ou inocentes, cresce. Pagamos todos um preço muito alto, e o estado precisa salvar a proposta de polícia comunitária, que está se perdendo”, avalia Julita.
O diretor executivo da Anistia Internacional, Atila Roque, vê na guerra às drogas o fator principal da violência. “A política de segurança que privilegia o confronto direto e incursões recorrentes nas áreas de favelas e periferias contribui para este número alarmante. É como se disséssemos que as vidas desses jovens, policiais e moradores são descartáveis. O preço é uma polícia que mata e morre muito.”
Para o sociólogo e ex-oficial do Bope Paulo Storani, os governantes precisam agir em conjunto. “Os municípios fogem quando o assunto é segurança. Os estados parecem falidos, e o governo federal não toma as rédeas. Houve ainda, no Rio, enfrentamento com as facções criminosas, com tentativas de retomar comunidades ocupadas pelas UPPs.”