Victor 6.000 é um ROV que chega a grandes profundidades. O veículo está sendo usado nas buscas pelo submarino desaparecido no Atlântico. (Imagem: Ifremer).
O submarino desapareceu no domingo em uma viagem aos destroços do Titanic. Sucesso do resgate pode depender de robôs.
Relembre o caso
- O submersível com cinco pessoas a bordo desapareceu no domingo em uma viagem aos destroços do Titanic.
- Terminou por volta das 7h desta quinta-feira (22) o prazo estimado pela Guarda Costeira dos Estados Unidos de oxigênio disponível no submarino da OceanGate.
- Contudo, é impossível saber a real situação dos passageiros. Inclusive, pela experiência de pessoas que estão a bordo, é possível que todos estejam “poupando oxigênio”. Você pode ler mais aqui.
- Operado pela OceanGate Expeditions, o veículo, construído com ajuda da NASA, tem cinco pessoas a bordo: Stockton Rush (fundador e CEO da OceanGate), Shahzada Dawood (empresário paquistanês e curador do Instituto SETI), Suleman Dawood (filho de Shahzada, de 19 anos), Paul-Henry Nargeolet (explorador e ex-mergulhador da Marinha francesa) e Hamish Harding (presidente da empresa de corretagem de jatos Action Aviation, além de explorador recordista em vários segmentos).
Veículos operados remotamente
Se o submarino Titan alcançou os destroços do Titanic, ele pode estar preso a até 3.800 metros abaixo da superfície do oceano. Então, a solução para as buscas passa por veículos controlados remotamente equipados com câmeras. Eles são conhecidos como ROVs (remotely operated vehicles ou, em português, veículos operados remotamente). Esses equipamentos são projetados para escanear o fundo do mar em profundidades que outras embarcações não podem alcançar.
Duas das primeiras embarcações a se juntar ao esforço de resgate — Deep Energy e Skandi Vinland — carregam ROVs e os implantaram na busca. O navio da Guarda Costeira dos EUA Atlantic Merlin também está equipado com um ROV.
Não está claro, porém, se algum dos ROVs operando na parte inicial da busca poderia atingir as profundidades extremas que podem ser necessárias.
Victor 6.000
O navio de pesquisa francês L’Atalante carrega um ROV que pode descer a 6.000 metros. O Victor 6.000 está conectado à sua embarcação por um cabo de 8 km de comprimento. Ou seja, com energia ilimitada, em teoria, não há limite para a duração do mergulho. Também é equipado com braços que podem cortar cabos ou realizar manipulações para ajudar a liberar um submersível encalhado.
Se o Victor 6.000 encontrar o submarino desaparecido, o robô de quatro toneladas e meia não pode ajudar a trazê-lo de volta à superfície — mas pode ajudar a conectar o veículo a um cabo da superfície. No entanto, o robô se move a pouco mais de 1 km por hora, limitando a distância que pode percorrer no tempo restante.
O Victor 6.000 é operado por uma tripulação de 25 pessoas a bordo do navio francês, que chegou à área de busca na noite de quarta-feira (21). O equipamento, que custou cerca de R$ 800 mil, foi projetado em 1999.
Segundo o engenheiro especialista em riscos e segurança Gerardo Portela, ROVs são equipamentos presentes na maioria das plataformas de petróleo modernas que operam no Brasil e no mundo. E esses robôs são fundamentais em situações como essas:
O ROV realiza uma grande diversidades de tarefas em águas ultraprofundas, sob alta pressão e temperaturas próximas a zero grau. Possui braços ágeis robóticos capazes de executar diversas tarefas, faróis para iluminação e câmeras. São operados a partir de uma sala de controle a bordo das plataformas de petróleo ou de navios prestadores de serviços. Resistem a altíssimas pressões em águas profundas.
Gerardo Portela reforça que o trabalho do ROV é auxiliar as buscas, mas que o veículo por si só não conseguiria trazer um submersível a superfície: