Setembro Amarelo. Novo desafio da internet alerta para risco de suicídio entre crianças e adolescentes, especialista explica

Um possível caso de suicídio, ainda em investigação, que ocorreu na semana passada em Pernambuco, alerta para o risco de crianças e adolescentes se envolverem em situações que podem levar a mutilações e até a morte. Uma criança de 9 anos encontrada pelos pais enforcada em uma árvore por um fio, no quintal de sua casa, pode ter relação com o chamado desafio de “Boneca Momo”, tem circulado no WhatsApp.

De acordo com Nadja Pinho, psicopedagoga da Holiste, salienta que uma das dificuldades em se identificar o risco de suicídio entre os jovens é que, naturalmente, essa fase da vida já é marcada por grandes mudanças de comportamento. O problema reside em separar o que pode ser considerado um comportamento normal daquilo que merece a atenção de um especialista.

“Aquele aluno que nunca teve problemas disciplinares e que, de repente, começa a filar aula, se envolver em confusões e brigas; ou o aluno que nunca teve problemas com notas passa a ter um rendimento escolar muito abaixo da média, comprometendo sua aprovação nos exames. Esses dois perfis merecem a atenção dos pais, educadores e colegas, pois estes são indícios de que algo não está bem com o jovem”, pontua Nadja.

A psicopedagoga admite que em alguns casos os indícios podem ser mais sutis. “Certos casos vão apresentar sinais mais pontuais, que não chegam a comprometer o rendimento escolar, mas que podem caracterizar um risco. Os adolescentes tendem a amplificar o seu sofrimento, pela falta de experiência em lidar com suas emoções. Ao se deparar com essas situações de sofrimento, o jovem pode desenvolver um episódio depressivo”, alerta a especialista.

A psicóloga da Holiste, Ethel Poll, alerta para o uso excessivo da internet e os desafios que isso representa para os pais. “Educar os filhos neste universo digital se torna um grande desafio, pois é um espaço aberto, uma terra sem fim, e neste meio as crianças e adolescentes estão sendo diariamente bombardeados com os mais diversos tipos de influências e informações, muitas vezes sem a mediação de um adulto responsável”, aponta

Ethel completa que a criança está numa fase de construção do seu mundo psíquico, de suas defesas e de estruturação da sua subjetividade, e nem sempre está pronta para absorver, compreender e elaborar certas influências e informações disponíveis nas redes.

SETEMBRO AMARELO

Desde 2014 o Brasil conta com uma campanha de conscientização sobre o suicídio: o Setembro Amarelo. A campanha tem o objetivo de alertar a população a respeito da realidade do suicídio no Brasil e no mundo, suas formas de prevenção e a importância de se falar sobre o tema.

A campanha mobiliza a equipe da Holiste Psiquiatria, que participa e promove eventos sobre o tema, tendo o mote de que suicídio se previne com informação.

Algumas eventos debatem o tema, como o debate gratuito “(In) existência, cultura, suicídio”, que ocorre em três dadas, Dia 11, na Uneb, em Salvador, Campus I, dia 20, na OAB – subseção Valença (BA) e dia 21, no Colégio Municipal Hildécio Antônio Meireles. Idealizado pelo sociólogo Antonio Mateus Soares, realizado pela Uneb com apoio da Holiste, o evento traz rntre os palestrantes do evento estão a psicóloga Caroline Severo e o psiquiatra Victor Pablo, profissionais que atuam na clínica e que vão fazer parte do debate interdisciplinar sobre a vida mental na sociedade contemporânea e suas desordens.

No dia 12 de setembro, o debate sobre o assunto e a prevenção segue no Encontros Holiste, evento gratuito e aberto ao público, que ocorre na sede da clínica, em Pituaçu, e terá como palestrantes a psicóloga Ethel Poll, tratando do tema “A dor de existir” e a psiquiatra Fabiana Nery, que faz palestra com o tema “Precisamos falar sobre isso”.

Atenção aos sinais:

1 – A adolescência é um período de grandes transformações. É preciso estar atento e observar mudanças drásticas de comportamento e abrir espaço para o diálogo;

2 – Quando identificar que algo não está bem com o adolescente, evite julgamentos e comparações. Ao invés disso, tenha um comportamento acolhedor, demonstre empatia, interesse e disponibilidade em ouvir o que está o incomodando;

3 – Comportamentos de total isolamento social devem ser observados com cuidado;

4 – O mal rendimento escolar pode ser o indicador de algo não está bem, assim como a falta de desejo de ir à escola;

5 – Às vezes o adolescente pode manter um bom rendimento escolar, mas apresentar problemas comportamentais. Advertências, suspenções, envolvimento brigas, desrespeito a professores e outros membros do corpo pedagógico pode ser um sinal de que algo não está bem com o adolescente;

6 – O uso de drogas, lícitas ou ilícitas, deve ser observado com bastante atenção e discutido entre pais, adolescentes e educadores;

7 – Automutilações, ameaças ou tentativas de suicídio devem ser levados à sério e nunca encarados como forma de chamar a atenção para si. Nesses casos, um especialista deverá ser consultado com urgência;

8 – Psiquiatras e psicólogos são uma ajuda importante, não vão traumatizar o seu filho. Eles fazem parte da solução, não do problema, pois crianças e adolescentes podem se sentir mais à vontade para conversar com alguém que não seja seus pais;

9 – Tratamentos e medicações devem ser sempre recomendados e acompanhados por um especialista qualificado. Não utilize em seus filhos o tratamento que um (a) amigo (a) utilizou no filho dele (a). Os tratamentos em saúde mental são sempre individuais, respeitando a singularidade e a história de vida de cada pessoa;

10 – Falar sobre o suicídio é sempre a melhor escolha! Escute e converse com seus filhos, seja sempre o local seguro para que qualquer tipo de assunto possa ser abordado, tornando-se presente nas questões que eles acham importantes!

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