São Paulo: Estudantes fecham vias do Centro da cidade

protesto-1-cortado
Fotos: TV Globo

Estudantes que protestam contra a reorganização da rede escolar estadual fecharam, no início da noite desta quinta-feira (3), vias do Centro de São Paulo, como as avenidas Tiradentes e a Prestes Maia. A Polícia Militar chegou a usar bombas de efeito moral para dispersar o grupo. Por volta das 19h40, havia jovens detidos – ainda não havia confirmação do número. Eles eram levados para uma base móvel da PM.
Os alunos fecharam, por volta das 17h40, a Avenida Tiradentes, sentido Centro, na altura do prédio da Fatec. A PM disparou bombas e os estudantes correram. Depois, bloquearam a Rua Mauá com a Avenida Cásper Líbero, na região da Luz.
Às 19h30, o grupo de manifestantes estava na Rua 25 de Março. Na conhecida rua de comércio popular, os policiais cercaram alguns estudantes. Um grupo estava sentado quando uma bomba foi lançada e houve nova correria.

Detidos em Pinheiros
Seis pessoas foram detidas na região de Pinheiros, na Zona Oeste durante as manifestações de estudantes ocorridas nesta quinta-feira (3) contra a reorganização da rede escolar estadual, informou a GloboNews. Elas foram levadas ao 14º Distrito Policial, na Rua Deputado Lacerda Franco, onde houve tumulto entre policiais militares e manifestantes.


Os estudantes fecharam cruzamentos da Avenida Faria Lima durante a manhã em protesto contra o projeto do governo estadual. Quatro pessoas foram detidas – três alunos e um professor. O docente foi liberado em seguida. Os três jovens foram levados para a delegacia.
A PM bloqueou a rua onde fica o 14º DP, na altura da Rua Teodoro Sampaio. Segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), o bloqueio começou às 13h30. Estudantes se reuniram para protestar contra as detenções e houve confusão.
Os manifestantes pediam a liberação dos detidos e exigiam ver as condições em que eles estavam na delegacia. Durante a confusão, houve outros dois detidos.

A universitária Isabela Barbosa, de 21 anos, foi uma das levadas para a delegacia. “Eu estava avisando os secundaristas quando eles estavam com bomba na mão. Não encostei em ninguém , ele já veio me pegando pelo braço avisando que eu ia ser presa.”
Um outro rapaz também foi detido. Quem tentou chegar perto dele foi atingido por cassetetes. Às 16h40, uma comissão seguiu até a delegacia e o clima no local ficou mais calmo. Os estudantes permaneciam às 17h20 no cruzamento das vias.
Entre os seis detidos durante as manifestações, apenas um era menor de 18 anos. Ele já havia sido liberado no fim da tarde. Três adultos permaneciam na delegacia e devem responder pelos crimes de desacato, corrupção de menores e furto de cadeiras.

Manifestações pela manhã
Os estudantes que protestam contra a reorganização do ensino paulista realizaram novos atos na manhã desta quinta-feira (3) e bloquearam vias importantes da cidade.
ACOMPANHE O TRÂNSITO EM SÃO PAULO EM TEMPO REAL
Os manifestantes são contra o fechamento de escolas e transferência de alunos das unidades após a definição de ciclos únicos de ensino. Para liberar o trânsito, a Polícia Militar chegou a usar bombas de efeito moral em alguns pontos.
Na Faria Lima, perto da Avenida Rebouças, houve correria após a PM usar bombas de gás. Às 10h20 a avenida, que chegou a ficar totalmente bloqueada, já estava liberada. Poucos minutos depois, os estudantes fecharam outra parte da via e, novamente, a polícia usou armamento químico para dispersar o grupo.
Mais cedo, na Avenida São João, perto da Angélica, houve um princípio de tumulto com a Polícia Militar. Bombas de efeito moral chegaram a ser usadas para dispersar o grupo.
Em nota, a SSP informou que “lamenta que os manifestantes continuem desrespeitando a Constituição Federal, deixando de realizar o prévio aviso sobre os locais onde irão atuar e bloqueando integralmente as grandes vias de acesso, de maneira a impedir o legítimo direito de ir e vir de estudantes e trabalhadores”.
A pasta acrescenta que “permanecerá atuando para impedir que haja dano ao patrimônio, seja público ou privado, incitação de crime ou tumultos e badernas nas ruas, que prejudicam o acesso de milhões de paulistas ao trabalho”. “A Polícia Militar acompanha os protestos para resguardar a integridade física de todos os cidadãos e o direito à manifestação.”

Com cadeiras, um grupo de manifestantes bloqueou a Marginal Pinheiros, no sentido de Interlagos, na altura da Ponte Eusébio Matoso. O trânsito ficou lento na região. O grupo liberou a via por volta das 8h20. Às 9h40, outro grupo de alunos parou duas faixas da pista local, sentido Rodovia Castello Branco, na altura da Ponte Transamérica.
Na Marginal Tietê o bloqueio acontecia na pista local, sentido Rodovia Castello Branco, na altura da Ponte do Piqueri. Alunos também interditaram a Estrada do M’Boi Mirim, na altura da Avenida Guarapiranga, em ambos os sentidos.
Segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), houve outros pontos de manifestação: na Rua Doutor Albuquerque Lins, altura da Praça Marechal Deodoro; e na Ponte do Socorro, sentido Centro.
A Avenida João Dias chegou a ser interditada na altura do terminal, mas a via foi liberada e os manifestantes foram para a calçada. O local chegou a ter 1 km de lentidão devido ao reflexo do bloqueio.
Outra manifestação aconteceu na Avenida Professor Francisco Morato, na altura da Jorge João Saad. A via foi rapidamente liberada. A Avenida Heitor Penteado, na altura da Avenida Pompeia, foi interditada em ambos os sentidos.
A série de protestos prejudicou o trânsito na cidade. Segundo a CET, o pico foi de 81 km às 11h. O índice, porém, está longe do maior congestionamento registrado neste ano: 181 km em 15 de junho.
Catracas
Os atos não se restringiram às ruas. Um grupo de pessoas com cadeiras escolares pularam a catraca da estação Butantã do Metrô, da Linha 4-Amarela. Os seguranças tentaram conter, mas os manifestantes conseguiram passar sem pagar.
Estudantes da Escola Estadual Fidelino Figueiredo fogem com cadeiras após policiais atirarem bomba de gás 
Entre a noite de terça e o início da tarde desta quarta (2), oito pessoas foram detidas em dois atos: um na Avenida Nove de Julho e outro, na Doutor Arnaldo. Nesta quinta não havia relatos de detenções.
Estudantes envolvidos nos mais recentes confrontos com a polícia dizem que os PMs agiram com truculência e força desnecessária. “Me levaram à força me algemanaram e me botaram no camburão e tentaram usar bastante da violência”, disse um aluno de 16 anos, apreendido durante o ato na Avenida Doutor Arnaldo.
Na madrugada de quarta, um casal detido após o ato na Avenida Nove de Julho também disse ter sido vítima da truculência da PM. “Me jogaram no chão, começaram a me rasgar e me levaram para o camburão”, disse a roteirista Tatiana Tavares. “Eu entendo que eles tenham que fazer o trabalho deles, mas eu acho que não é dessa forma truculenta, jogando a gente no camburão.”
Outros dois menores saíram da delegacia acompanhados pelos pais. Eles disseram que foram abordados por policiais militares enquanto protestavam. “Eles bateram com o cassetete no meu braço, aí eu caí no chão e eles me arrastaram. Na hora que eu levantei para poder levarem para o camburão, colocaram o cassetete no meu pescoço e começaram a enforcar e levar”, disse um dos adolescentes.

PM vai intervir sempre, diz secretário

A ação dos policiais segue orientação dada pela Secretaria da Segurança Pública (SSP). Em entrevista exclusiva ao G1 na terça, o secretário da Segurança, Alexandre de Moraes, disse que a Polícia Militar (PM) vai intervir sempre que for preciso para impedir que alunos bloqueiem as principais vias de São Paulo.
“Para resumir, bem resumido, a função da Secretaria da Segurança Pública e da polícia nesses acontecimentos é garantir que não haja dano ao patrimônio público. E não haja confusão, não haja briga entre quem queira assistir aula e quem não queira”, disse Moraes. “E também nós não vamos permitir que fiquem agora obstruindo as vias principais de São Paulo.”
Alckmin acrescentou que está disposto a conversar com os alunos. “Nós estamos permanentemente abertos ao diálogo com os estudantes, professores, pais e alunos. Tanto é que nós já desocupamos mais de 50 escolas através do diálogo.” A falta de diálogo é a principal queixa dos estudantes que ocupam mais de 190 escolas em todo o estado.