Com 94% das urnas apuradas, o Distrito Federal tem um novo governador eleito. Rodrigo Rollemberg (PSB) tem 55,55% dos votos contra 44,45% de Jofran Frejat (PR). Pesquisas eleitorais traziam Rollemberg com vantagem de 14 pontos percentuais até pouco antes da eleição.
Pela primeira vez, o Distrito Federal vê o triunfo a uma terceira via política, uma vez que desde 1994 os embates se polarizaram entre o grupo de Roriz e o PT. “Não somos terceira via, somos a melhor via, a via da eficiência, da honestidade e da competência”, disse Rollemberg antes de participar na terça-feira de caminhada em Taguatinga, cidade-satélite do DF, acompanhado do senador eleito pelo Rio, Romário (PSB).
O ex-craque ofuscou o candidato, monopolizando os holofotes e a atenção do público. Na reta final da campanha, Rollemberg ganhou também o reforço da candidata derrotada do PSB à Presidência, Marina Silva. Para o cientista político David Fleischer, da Universidade de Brasília (UnB), a eventual vitória de Rollemberg rompe com uma tradicional polarização existente no DF, entre petistas e o clã Roriz. “A terceira via que o Eduardo Campos representava para se contrapor a PT e PSDB no âmbito nacional, em Brasília envolve PT e grupo Roriz”, analisa Fleischer.
Frejat assumiu a cabeça de chapa do ex-governador José Roberto Arruda. Ex-secretário de saúde do ex-governador Joaquim Roriz, também alvo da Lei da Ficha Limpa, Frejat foi acusado no programa de Rollemberg de ser marionete de Arruda e Roriz e pertencer a um grupo político envolvido em uma sucessão de escândalos de corrupção que abalaram a capital federal. “Não há por que eu deixar de ouvir o Arruda e o Roriz, que tiveram bom trabalho. Tiveram problemas? Não vou fazer que nem o Rollemberg, que quando o Agnelo (Queiroz, atual governador do DF) teve problema, chutou o traseiro e pulou fora. Isso não se faz com companheiro”, disse Frejat ao Estado. “Não tenho compromisso com malfeito. Quem vai resolver o certo e o errado no meu governo sou eu.”
O candidato do PR, por sua vez, usou o apoio de Rollemberg ao início da gestão Agnelo, para tentar transferir ao pessebista a rejeição do petista. O petista tentou a reeleição, mas já saiu derrotado no 1.º turno e no 2.º turno declarou voto nulo. Segundo avaliações internas da equipe de Rollemberg, a associação com Agnelo pesou mais contra o candidato do PSB do que a “tarifa Frejat”, promessa de passagens de ônibus por R$ 1 a partir de 1.º de janeiro de 2015. “Eu pessoalmente nunca participei do governo Agnelo, o PSB participou inicialmente e discordamos dos procedimentos do governo, do afastamento dos compromissos que ele assumiu”, justificou Rollemberg, no debate da TV Globo na quinta-feira.
Em um vídeo repleto de ironias, o programa do PSB exibiu atores simulando os bastidores de uma campanha e propondo “ganhar essa eleição a qualquer preço”. “O nosso preço é R$ 1”, diz um dos atores, em referência à “tarifa Frejat”.