Reajuste nas bandeiras tarifárias da energia preocupa população baiana

152263A previsão do primeiro reajusta na conta de energia deste ano, não agradou os baianos. Ontem, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou a metodologia de reajuste extraordinário solicitada por mais de 30 distribuidoras. A proposta visa um aumento de até 83% os valores da recém-criada bandeira tarifária que, desde 1º de janeiro vem sendo cobrada nas contas de luz para repassar ao consumidor o aumento de custos de geração para o setor de energia elétrica. Com isso, os preços para a bandeira amarela passarão dos atuais R$ 1,50 por 100 quilowatts-hora (kWh) para R$ 2,50 – aumento de 67%. No caso da bandeira vermelha, a tarifa passará de R$ 3 para R$ 5,50: aumento de 83%. Não há cobrança no caso da bandeira verde. Diante da estiagem continue na maior parte do país, o aumento deve começar a ser cobrado no próximo mês. Apesar não haver aumento na conta de energia, moradores da capital baiana já demonstram insatisfação com o reajuste. De acordo com informações da Agência Brasil, a diretoria da Aneel afirmou que “o cálculo leva em consideração os R$ 23,21 bilhões necessários à Conta de Desenvolvimento Energético (CDE). Essa conta foi criada para universalizar o acesso à energia elétrica e promover fontes alternativas de energia, caso das eólicas, solar, pequenas centrais hidrelétricas, biomassa e carvão mineral, por exemplo. A metodologia aprovada nesta sexta-feira (ontem) leva em conta o aumento de custo da energia de Itaipu. Presidente da Associação Brasileira das Distribuidoras e Energia Elétrica (Abradee), Nelson Leite disse que a carga tributária cobrada sobre o setor é um dos fatores responsáveis pelo alto custo de energia fornecida ao consumidor. Ele, no entanto, elogiou as medidas adotadas pela Aneel”. Em nota, o diretor-geral da Aneel, Romeu Rufino, esclarece que a revisão das bandeiras não envolve aumento de custos, mas uma forma de cobrança mais transparente e eficiente. “As bandeiras não criam um novo custo, mas apenas direcionam a parte variável dos custos da energia elétrica. Como o sistema é dinâmico, as bandeiras refletem instantaneamente a variação desses valores nas cores verde, amarela e vermelha, para facilitar o entendimento dos consumidores”, explica Rufino. Para o diretor-relator da proposta, Tiago de Barros, os custos já existem e decorrem do período de seca. A proposta visa somente uma forma mais eficiente de coberturas desses valores, que passariam a ser refletidos nas bandeiras. “O importante é que uma resposta consciente dos consumidores a esse sinal de preço mais realista pode reduzir a pressão da demanda sobre o setor e levar à retirada das bandeiras vermelhas”, ressalta o relator. Apesar das explicações, os baianos já tem demonstrado insatisfação com a medida. Moradora de uma residência de três quartos, dividida em dois andares, Marilânia Guimarães, 54 anos, já demonstra preocupação com a possibilidade de reajuste. “Já pago mais ou menos R$ 200 de energia, com esse reajuste realmente as coisas ficarão bem mais difíceis”, afirmou, ressaltando que já havia pedido revisão do contador, mas ainda não foi atendida. “No total, cinco adultos e duas crianças moram aqui, mas ainda assim acho que não justifica essa conta tão alta. Já pedi revisão, mas até agora nada foi feito”, afirmou. A preocupação é a mesma para Ana Cláudia Borges, 36. Com uma filha recém-nascida, ela abandonou o emprego e somente o marido assume as despesas da casa. “O salário aumenta muito pouco diante da quantidade de reajuste que a gente tem no ano”, disse.