Rafael Pinheiro, de 28 anos, padrinho e acusado pela morte do garoto Marcos Vinícius Carvalho dos Santos, de 2 anos, foi encaminhado no final da manhã desta quinta, 20, para o Complexo Penitenciário da Mata Escura. A transferência aconteceu após ele ser apresentado na sede da Polícia Civil, na Piedade, durante uma coletiva de imprensa para esclarecer o caso.
Segundo a polícia, Rafael afirmou que, na noite da última quinta-feira, 13, deu um mingau preparado com leite de soja para o menino, pois sabia que ele possuía intolerância a lactose. Entretanto, Marcos Vinícius teria engasgado e começou a espumar pela boca, morrendo em seguida. “A garganta dele chegou a borbulhar, parecendo que estava com água dentro e, em 10 minutos, ele chegou a falecer”, disse ele.
Ele afirmou durante depoimento que ficou com medo de ser acusado pelas pessoas de ter agredido e matado a criança. Por isso, na manhã de sexta, 14, resolveu se desfazer do corpo em um areal no bairro de Itapuã.
Após abandonar o corpo, ele foi a pé até a Feira de Itapuã e, durante o percurso, teve a ideia de inventar a história divulgada desde então, de que Marcos teria se perdido ou levado por outra pessoa. “Fiquei com medo de tudo isso que está acontecendo agora”, explicou ele ao ser questionado porque não procurou ajuda médica.
Já no sábado, 15, a polícia desconfiou da versão de Rafael sobre o caso, pois as informações passadas por supostas testemunhas não coincidiam.
“A Polícia Civil tomou conhecimento do crime na sexta à noite. Nós trabalhamos no final de semana e, no domingo, a gente já sabia que a criança não estava desaparecida, porque ninguém da feira havia visto. O próprio dono do box que foi ouvido disse que ele (Rafael) não comprou nada e não estava com a criança”, explicou a delegada Heloísa Simões, titular do Departamento de Proteção à Pessoa (DPP).
Apesar de já ter prestado depoimento no final de semana, Rafael foi intimado na segunda-feira para comparecer à delegacia novamente. Pressionado, ele acabou confessando o crime.
A mãe de Rafael, que não teve o nome revelado, também pode ser indiciada, já que a polícia afirma que ela tinha conhecimento da situação, apesar de o acusado negar. “A todo momento ela queria induzir o erro à polícia, informando testemunhas que não existiam. Ela sempre acompanhava o filho à delegacia e, com certeza, já sabia da morte”, ressaltou a delegada.
Ainda não há informações sobre o que realmente causou a morte da criança. O motivo só será divulgado após o resultado do laudo pericial.
Prisão
Rafael foi preso em flagrante na quarta por ocultação de cadáver e, agora, também responderá por homicídio. A partir do laudo, será possível saber se será homicídio doloso ou culposo. Antes de ser levado para o presídio, ele passou no Instituto Médico Legal (IML) para fazer exame de corpo de delito, procedimento normal para presos.
A mãe de Marcos, Fabiana de Carvalho, de 18 anos, também pode ser indiciada, com base em uma classificação de crime previsto no Código Penal, já que deu a guarda da criança, informalmente, a uma pessoa que não tinha condições de criá-la. A polícia vai investigar ainda até que ponto Fabiana tinha conhecimento da ocultação do cadáver.