O PMDB se dividiu nesta terça-feira ao reagir à Operação Catilinárias. Enquanto o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (RJ), tentou passar a ideia de que a ação da Polícia Federal foi um ataque direto do governo ao partido, caciques da legenda, a começar pela ala do Senado, evitaram o confronto. Será neste clima de divisão interna que a Executiva nacional do partido se reúne hoje para tentar barrar novas filiações que tenham o intuito de fortalecer o bloco na Câmara apoiado pelo Palácio do Planalto, que deseja a volta de Leonardo Picciani (PMDB-RJ) à liderança da bancada na Casa.
A diferença de tom adotado foi clara, especialmente entre Cunha e o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga (PMDB), indicado pela bancada do Senado:
— A gente sabe que o PT é o responsável pelo assalto que aconteceu no Brasil e na Petrobras, todo dia tem a roubalheira do PT sendo fotografada e, de repente, fazem uma operação com o PMDB. Tem alguma coisa estranha no ar — afirmou Cunha.
Horas depois, Braga refutou a tese:
— Eu acho que tudo foi feito na legalidade, com decisão do Supremo Tribunal Federal a respeito do tema. Portanto, faz-se cumprir a lei.
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Braço-direito do vice-presidente Michel Temer, o ex-ministro Eliseu Padilha preferiu defender seu partido e alfinetar o PT:
— É um processo que já está em andamento. Não vejo nada demais. O PMDB existe nas 27 unidades da Federação do Brasil. Temos alguns nomes que por enquanto estão sendo só investigados. Não tem ninguém preso do nosso partido.
A reunião da Executiva marcada para esta manhã de quarta-feira e foi articulada pelo entorno de Temer e convocada às pressas pelo comando peemedebista. Apesar da pressão de parte do partido pelo rompimento imediato com o governo Dilma, a Executiva não deverá decidir antecipar a convenção partidária marcada para março. Os entusiastas do rompimento têm pedido a Temer que convoque a convenção para a última semana deste mês. Assim, 2016 começaria com o PMDB rompido com Dilma.
Para a cúpula do PMDB, não está claro que efeito a ação da Polícia Federal terá sobre o partido. Segundo fontes, Temer se mostrou cauteloso e comentou que “quem é inocente, vai apresentar sua defesa, e quem não é será devidamente investigado”.
Peemedebistas avaliaram que o partido dificilmente terá posição unificada. A Executiva decidiu não divulgar nota sobre a operação de ontem.
O ex-presidente Lula, que estará em Brasília nesta quarta-feira e quinta-feira, pretende se encontrar com Renan. Os interlocutores de Renan garantem que o PMDB do Senado manterá sua linha de alinhamento ao Palácio do Planalto, porque não confia em Temer. (O Globo)