Inflação na comida desafia governo Lula, e previsão é de estagnação até 2026
O aumento contínuo no custo dos alimentos está dificultando uma recuperação mais consistente do poder de compra dos brasileiros, apesar da melhora na renda e do reajuste do salário mínimo. O cenário foi apontado em um levantamento do economista Bruno Imaizumi, da consultoria LCA, que compara o custo da cesta básica com a evolução salarial.
De acordo com o estudo, um salário mínimo conseguia comprar 2,07 cestas básicas em São Paulo entre 2010 e 2019, antes da pandemia. Após a crise sanitária e a Guerra na Ucrânia, essa relação caiu para 1,51 em 2022. Embora tenha havido uma leve recuperação em 2023 e 2024, o poder de compra fechou novembro de 2024 em 1,7 cesta básica, abaixo do patamar pré-pandemia.
A previsão é de estagnação, com o salário mínimo comprando cerca de 1,7 cesta básica até dezembro de 2026.
Imaizumi destaca que a alta dos alimentos não é uma exclusividade do Brasil, mas o dólar elevado, resultado de incertezas fiscais, agrava a situação. Além disso, problemas climáticos vêm impactando a produção agrícola.
Para o economista, o governo deveria sinalizar um compromisso mais firme com o equilíbrio das contas públicas e adotar políticas de mitigação de impactos climáticos na agricultura. “Há tecnologia no campo, mas faltam políticas de prevenção”, ressalta.
O estudo também mostra que a renda média do trabalho comprava 4,82 cestas básicas antes da pandemia. Esse número caiu para 3,35 em 2022 e fechou novembro de 2024 em 4,06. As projeções indicam que a relação deve se estabilizar em 3,87 cestas básicas em dezembro de 2025 e 3,81 em 2026.
A Petrobras anunciou na sexta-feira (31) aumento no preço do óleo diesel, que é um insumo essencial para a produção e transporte de alimentos. Dependendo do repasse ao longo da cadeia, a inflação da comida pode ser pressionada ainda mais.
Na quinta-feira (30), o presidente Lula afirmou que não fará “bravatas” para conter o custo dos alimentos e descartou medidas radicais, como a taxação de exportações do agronegócio, proposta por uma ala do PT.