“Playboy, a versão americana, não publicará mais fotos de mulheres nuas a partir de março de 2016”

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Foto: Arquivo Pessoal/Guerrinha

Antes das tecnologias atuais, uma legião de adolescentes vivia verdadeiros romances com as mais variadas mulheres de papel. Amores mensais, conquistadas a ferro e fogo, nas situações mais inusitadas possíveis. Muitos desses marmanjos tomaram um susto, no início da semana passada, ao se deparar com uma traição: a revista Playboy, a versão americana, não publicará mais fotos de mulheres nuas a partir de março de 2016. O que será dos pobres e atuais garotos de 12 anos? Não se preocupem. Com o avanço da internet, aquelas belas Playmates trocaram as fibras de celulose pelos pixels.
O motivo da mudança radical da Playboy é simples. Com uma verdadeira biblioteca de garotas peladas na internet, é possível achar coisas que até Hugh Hefner, fundador da revista, duvida que exista. “Você agora está somente um clique distante de cada ato sexual imaginável, de graça. Esta batalha foi travada e ganha”, disse Scott Flanders, diretor-executivo da revista masculina, ao New York Times.


Na verdade, Flanders nem precisava explicar a decisão da Playboy. Basta ouvir a nova geração de ‘garotos em fase de crescimento’: “Hoje em dia, é tudo muito mais fácil, qualquer coisa ligo meu computador e abro a aba de meus favoritos, ou então pego meu celular. Tenho um grupo no WhatsApp que tem um arsenal de três mil mulheres peladas, entre vídeos e fotos”, humilha Rafael, um primo adolescente que tenho. “Isso quando não quero ir para a Sky assistir na TV de 46 polegadas. E em HD!”, sacramenta meu parente com espinhas na cara.
A Playboy não vai deixar de existir. Porém, desta vez, vai investir justamente naquelas páginas que nunca líamos. Entrevistas e conteúdos exclusivos serão as apostas. Terão mulheres também, mas apenas em poses provocantes, sem nu frontal. Para o cearense Guerrinha, também conhecido como o rei da Playboy, o periódico vai perder a identidade. “A Playboy é uma revista de mulher pelada. Ponto. O resto é segundo plano”, alega o PhD na arte de colecionar famosas peladas. Ele tem mais de oito mil exemplares na sua banca de revista em São Paulo.
Natural de Quixadá, Estênio Guerra começou a paixão pela Playboy aos 11 anos, quando trabalhava na casa de um gringo. “Foi uma edição americana de 1969. Na hora que fui receber o pagamento, vi a revista e a quis no lugar do dinheiro. Não parei mais. Já vendi a edição da Xuxa, lacrada, por R$ 12 mil. Continuo vendendo exemplares, mas para quarentões ou sessentões que procuram revistas especificas. Dizem eles que procuram ex-namoradas que já saíram na revista”, conta.
Guerrinha também já foi uma espécie de cafetão da Playboy. Ele chegou a lucrar muito nos anos 90, alugando edições por seis dias, podendo chegar a R$ 300, dependendo da mulher da capa. “Não deu. Ganhava dinheiro, mas perdia a revista. Os caras chegavam com as Playboys todas ‘coladas’ e diziam que a culpa foi do irmão mais novo. Ficava retado!”, recorda.
Apesar da resolução da matriz, nos EUA, as edições de outros países terão liberdade para decidir o que fazer. Na versão brasileira, as mulheres seguem despidas, pelo menos por enquanto. “Faremos o mesmo? Talvez, ou mais para a frente, aos poucos, não sabemos”, disse Sérgio Xavier, diretor de redação da Playboy no país.