Pai e filhinha de 3 anos morreram em desabamento de prédio no RJ

Um prédio de quatro andares localizado em Rio das Pedras, Zona Oeste do Rio de Janeiro, desabou na madrugada desta quinta-feira (3). Um homem e uma criança – pai e filha – morreram e quatro adultos foram resgatados com vida. A morte do homem, identificado como Natan Gomes, foi confirmada pelo comandante do Corpo de Bombeiros, coronel Leandro Monteiro, por volta das 12h10, cerca de nove horas após o desabamento.

Ele é o pai de uma criança de aproximadamente 3 anos de idade, cuja morte havia sido confirmada por volta das 10h20. A mulher de Natan e mãe da criança, Kiara Abreu, havia sido a última pessoa resgatada com vida. Ela ficou cerca de seis horas sob os escombros e, lúcida, conversou com os bombeiros antes de ser retirada, informando que o marido e a filha também estariam no local.

Outras três pessoas haviam sido resgatadas com vida na madrugada. Apenas uma delas ficou internada devido à gravidade dos ferimentos. O prédio que desabou fica na Rua das Uvas, esquina com Avenida Areinhas. Ruas no entorno foram interditadas para os trabalhos de resgate. Três vítimas foram resgatadas na madrugada. Uma quarta vítima foi retirada dos escombros por volta das 9h20, seis horas após o desabamento. Até então, os bombeiros trabalhavam com a hipótese de três pessoas soterradas – uma mulher, um homem e uma criança.

Inicialmente, o Corpo de Bombeiros havia falado em 12 pessoas resgatadas. A informação foi atualizada no começo da manhã pelo comandante da corporação, coronel Leandro Monteiro, que confirmou o resgate de apenas três vítimas na madrugada e que pelo menos outras três estariam sob escombros aguardando o resgate. “O que posso afirmar é que estamos em contato direto com uma vítima feminina. O local é de difícil acesso, de risco para os bombeiros – eles estão trabalhando sob os escombros e equipados com equipamento de segurança individual. É um trabalho de muita calma, muita paciência, nossos cães estão nos ajudando bastante. Estamos lidando com informações diferentes a cada momento. Localizamos uma vítima feminina e ela afirma que há mais duas vítimas”, afirmou o comandante dos bombeiros.

Segundo o coronel, seis ambulâncias foram enviadas ao local e uma aeronave da corporação ficou de prontidão nas imediações. Ao todo, 112 bombeiros estão envolvidos nos trabalhos de busca e resgate. “A maior dificuldade é conscientizar os moradores dos prédios vizinhos a deixarem suas casas e seguirem para um local seguro”, enfatizou. A Defesa Civil está no local e os técnicos avaliam os danos que foram causados em outros quatro imóveis, vizinhos ao que desabou – um ao lado direito e três em frente. Equipes de três quartéis do Corpo de Bombeiros – Barra da Tijuca, Alto da Boa Vista e Jacarepaguá – trabalham no local à procura de vítimas. Equipes da Assistência Social, Defesa Civil e Guarda Municipal também foram deslocados para a região.

Estalos e desmoronamento

Moradores de imóveis vizinhos disseram que começaram a ouvir estalos por volta de 2h e o imóvel ruiu por volta de 3h20. Também relataram que, após o desabamento, houve um incêndio no local. O fogo foi controlado pelos bombeiros. “Eu pensei que era o transformador que tinha estourado, mas não. Depois que todo mundo desceu chorando e gritando aí a gente veio pra rua e viu que o prédio desabou”, contou uma moradora da região que se identificou como Luciana.

Moradores também relataram que um outro imóvel, onde funcionaria uma lan house, foi afetado no momento do desabamento e o estabelecimento estaria lotado de jovens. Uma testemunha, porém, afirmou que todos foram retirados do local sem ferimentos. Até as 8h40 não havia confirmação se o prédio havia sido construído de forma regular. Todavia, a subprefeitura de Jacarepaguá Talita Galhardo disse que, possivelmente, a construção era irregular.

“Eu não vou afirmar isso agora, mas é muito provável que não estivesse [regular] mesmo. Porque todas as construções do entorno, inclusive as que estão correndo risco, tem muitas que não têm nenhum tipo de licença, não tem nada”, disse a subprefeita. De acordo com a prefeitura, 75% dos imóveis irregulares demolidos na cidade entre 2019 e 2020 ficavam na Zona Oeste. A região de Rio das Pedras é controlada pela milícia o que, segundo o Conselho Regional de Engenharia (Crea-RJ), dificulta a fiscalização. Em 2019, um prédio que construído por milicianos desabou na Muzema, a cerca de 3 km do local, matando 21 pessoas.
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