Durante cinco meses, Isabela* pouco viu, senão a casa principal dos patrões, o quarto onde dormia, o mercado da vizinhança e a praia – quando era hora de levar as crianças, filhas dos chefes, para passear. Trabalhava, em média, 12 horas por dia, mas não tinha folga. Era babá, mas também limpava, cozinhava e fazia outros serviços domésticos. “Ficamos esse tempo todo e eu não tinha folga. Eles me colocaram tanto medo”, recorda.
Nos cinco meses em que ficou confinada numa casa em Praia do Forte, com os patrões e os filhos deles, Isabela sempre tinha hora para acordar – nunca depois das 7h. Nunca sabia, no entanto, quando ia dormir. “À noite, eu nem jantava, de tanto cansaço. Eu sentia muito cansaço, bastante dores nas costas”, lembra.