35 anos de trabalho análogo à escravidão. Este foi o tempo que a trabalhadora doméstica M.C.L, de 59 anos, resistiu até ser resgatada por Auditores-Fiscais do Trabalho (AFTs) no município de São Gonçalo dos Campos, a cerca de 100 quilômetros de Salvador. O resgate ocorreu no último dia 30 de novembro em uma casa localizada no centro da cidade, mas as informações somente foram divulgadas pelo Ministério do Trabalho e Previdência na quarta-feira (7/12).
O vice-presidente do Sindicato dos Auditores Fiscais do Trabalho do Estado da Bahia (SAFITEBA), Rivaldo Moraes, destaca que a doméstica é mais uma vítima da triste história da escravidão que ainda é perpetuada na sociedade brasileira. Ela e seus familiares serviram a duas gerações dos empregadores. A mãe, já falecida, trabalhava em uma fazenda da família sem receber salários. O irmão, que também realizava serviços domésticos, conseguiu fugir aos 27 anos de idade. Já M.C.L se mudou para a residência da proprietária aos 24 anos, onde passou a realizar serviços domésticos sem nunca ter recebido salários ou direitos trabalhistas. A empregadora controlava visitas, telefonemas e dificultava o contato com pessoas fora do ambiente de trabalho.