“É importante lembrar que há diferenças de gostos, de perfis e de estilos pessoais. Por exemplo: um gosta de atividades agitadas, esportivas, e o outro das mais calmas, ficar à beira da piscina lendo um livro”, exemplifica a psicóloga e terapeuta de casais Heloísa Schauff. Querer obrigar quem gosta de dormir até mais tarde a acordar cedo para aproveitar as férias ou não aceitar as opiniões um do outro geram conflitos.
“Há ainda aquelas pessoas que precisam de um tempo sós, gostam de fazer coisas sozinhas, enquanto a outra entende que tudo deve ser feito junto; Que se não estiver ao lado é uma prova de desamor. Conclusão: acabam brigando. Deve haver respeito às diferenças, lidar com isso adequadamente”, diz a terapeuta.
Papéis inversos
Na rotina, cada um tem sua vida profissional, cuida de si e de seus afazeres. O encontro, à noite, é rápido e alegre. Neste cotidiano, as diferenças se dissolvem, sendo cada um responsável por suas tarefas. “As brigas acontecem, principalmente, por aquilo que diz respeito aos dois: as tarefas conjuntas. A dinâmica do casal passa do individual para o conjunto, afinal, passamos mais tempo no trabalho do que com os companheiros. Quando o casal viaja, a dinâmica se inverte, partindo do conjunto para o individual”, explica a psicanalista e terapeuta sexual Ana Canosa.
Isso significa que estar junto envolve uma negociação dos desejos de cada um, desde a hora que se quer acordar até o que comer e os programas envolvidos. E pode ser desgastante quando ambos têm personalidades diferentes ou que ainda não aprenderam a conviver com o jeito um do outro. “Se estiver em crise conjugal, é pior ainda, pois as características que um enxerga como negativas no outro estão sob lente de aumento e se intensificam na viagem”, diz a psicanalista.
O melhor mesmo é planejar antecipadamente as ações para evitar desconfortos e dificuldades. “Não usar positivamente o tempo gera pensamentos negativos que conduzirão cada um dos cônjuges a expressar as emoções negativas que estavam controladas pelo cotidiano previsto”, afirma o psicólogo e psicoterapeuta sexual Oswaldo Rodrigues Júnior, diretor do Instituto Paulista de Sexualidade, em São Paulo.
A mesma dica vale para o casal que sai de férias juntos, mas que não irá viajar. Ficar em casa sem se preocupar com a vida profissional gera uma nova rotina com presença em tempo integral. “Sem a estrutura determinando um cotidiano regular e previsível, ideias de como satisfazer necessidades começam a surgir. Pensamentos errados que ficaram escondidos pelas necessidades de trabalho e falta de convívio surgem e produzem mau humor e insatisfação”, completa o psicoterapeuta sexual.
UOL