O volume de transações realizadas por meio do Pix sofreu uma queda expressiva nos primeiros dias de janeiro, marcando a maior retração desde o lançamento do sistema em 2020. Entre os dias 4 e 10 de janeiro, foram registradas 1,25 bilhão de operações, o que representa uma redução de 10,9% em comparação ao mesmo período de dezembro, conforme levantamento realizado pelo jornal O Globo com base em dados do Banco Central. Esse intervalo de tempo, que costuma concentrar o maior número de transações mensais devido ao pagamento de salários, apresentou um comportamento atípico neste início de ano.
A queda ocorre em meio à disseminação de informações falsas sobre uma suposta taxação do Pix, gerando incertezas entre a população. Muitos usuários temem que o governo intensifique a fiscalização sobre as operações financeiras, o que poderia impactar especialmente pequenos comerciantes e trabalhadores informais. Entretanto, a Receita Federal tem negado que haja intenção de tributar essas transações ou de direcionar o foco da fiscalização para esses grupos.
Embora o Pix permaneça como o meio de pagamento mais utilizado no Brasil, o sistema apresentou uma interrupção em seu crescimento neste início de 2025. Esse comportamento já havia sido observado apenas em janeiro de 2022 e em julho de 2024, mas a magnitude da queda registrada agora é inédita.
A preocupação dos usuários aumentou após mudanças na legislação que ampliaram a fiscalização sobre movimentações financeiras. De acordo com as novas regras, pessoas físicas precisam declarar transações superiores a R$ 5 mil mensais, enquanto empresas devem reportar valores acima de R$ 15 mil. Segundo a Receita Federal, o objetivo dessas mudanças é combater fraudes e lavagem de dinheiro, garantindo maior transparência nas operações. A Receita reforça que a identificação de transações específicas, como Pix ou TED, não faz parte do processo de monitoramento.
Em resposta à rápida disseminação de desinformação, o governo federal prepara uma campanha de esclarecimento para desmentir os boatos sobre a suposta taxação do Pix. A iniciativa foi impulsionada pelo ministro Sidônio Palmeira, que assumiu a Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom) na última terça-feira (14). Antes mesmo de sua posse, a Secom já havia solicitado às agências de comunicação governamentais a apresentação de uma estratégia digital para combater a desinformação sobre as novas regras de monitoramento das transações via Pix.
De acordo com reportagem da Folha de S. Paulo, o briefing encaminhado pela Secom foi direto ao ponto: esclarecer à população que não haverá taxação sobre as operações realizadas via Pix. A urgência na criação da campanha reflete a preocupação do governo com o impacto que os boatos podem ter sobre o uso do sistema e a confiança dos brasileiros nas transações digitais.