‘Meu nome está livre’, diz ex-BBB sobre escândalo político nos EUA

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Da fama para o meio de um escândalo que envolve um senador dos Estados Unidos. O Fantástico conversou, em Miami, com a ex-Big Brother Juliana Leite. Por que ela foi ouvida pelo FBI em um processo que apura fraudes, corrupção e tráfico de influência? Juliana Leite já viveu seus dias de fama em 2004 no Brasil, quando participou do ‘Big Brother 4’. Ficou em terceiro lugar e quando saiu da casa, chegou a posar nua para revistas masculinas. Agora, 11 anos depois, Juliana volta a ter seu nome e imagem estampados na mídia. Desta vez, na mídia americana. E de maneira negativa. Juliana é testemunha no escândalo de corrupção envolvendo o senador americano Robert Menendez, do estado de Nova Jersey. Entre as várias acusações contra o senador, está a de que ele usou o poder do cargo, para facilitar a emissão de vistos de entrada nos EUA para 4 mulheres. Duas dominicanas, uma ucraniana e a brasileira Juliana Leite. Todas elas têm no currículo a profissão de modelo. Mas Juliana hoje é advogada e corretora de imóveis em Miami.O Fantástico encontrou com a ex-BBB nesta semana para saber sobre o envolvimento dela no escândalo. Mas entenda primeiro o caso:

No processo da Justiça americana que o Fantástico teve acesso, consta uma troca de e-mails, onde uma assistente do senador pede ao departamento de estado americano para facilitar o visto de estudante de Juliana. O processo aponta que Menendez usou sua posição para agilizar o processo de visto a pedido de Salomon Melgen, que é financiador da sua campanha política e com quem Juliana teve um relacionamento amoroso. O médico atualmente está preso por uma outra acusação: fraude ao sistema público de saúde americano.
Juliana conta que teve um caso com o médico Melgen antes de participar do BBB em 2004. Na época, ela tinha 23 anos e estava vivendo lá nos Estados Unidos. Melgen tinha 48 anos. “A gente ficou junto entre três e quatro meses, naquela época. E aí, eu voltei para o Brasil para poder fazer a entrevista para o ‘Big Brother’”, relata Juliana Leite.

Ela conta que depois do BBB, se formou em direito no Brasil, e que em 2008 recebeu uma ligação do médico. “Ele falou: ‘e aí, você já se formou?’. Eu falei: ‘sim, me formei, estou licenciada’. ‘Eu queria te fazer uma proposta. Você se interessaria em, de repente, fazer uma especialização nos Estados Unidos’? E foi aí que eu decidi morar nos Estados Unidos”, diz Juliana Leite.

Foi aí que Juliana entrou com o pedido de visto de estudante. Mas Juliana diz que nunca soube que o médico Melgen tinha pedido ao senador para ajudar na obtenção do seu visto. “Pelo o que eu entendo, ele é muito amigo desse senador. É uma amizade que tem mais de vinte anos. Ele deve ter pedido para que saísse um pouco mais rápido”, conta Juliana.

Fantástico: Por que ele pediria uma ajuda para você conseguir o visto e não te avisaria disso, não é?
Juliana Leite: Pois é. Eu não sei. Talvez por vergonha?

Fantástico: Vergonha de quê?
Juliana Leite: Não sei, porque ele me conhece, eu ia falar para ele: ‘Para que que você vai fazer isso, sendo que não precisa?’ Não precisa a minha aprovação. A minha aplicação está extremamente dentro de todos os parâmetros da faculdade. ‘Para quê que você vai fazer isso?’.

O médico Melgen, amigo e financiador da campanha do senador, ajudou através de sua fundação a pagar a faculdade de Juliana.

Fantástico: Quanto que ele pagou dos seus estudos?
Juliana Leite: Ah, o valor exato eu não sei, mas ele pagou metade de tudo.

Fantástico: Mas você não tinha condições de pagar os seus estudos?
Juliana Leite: Sim, eu tinha condições, eu ganhei bastante dinheiro com o ‘Big Brother’.

Fantástico: Mas essa ONG dele é para pessoas que não podem custear os próprios estudos.
Juliana Leite: Sim. Isso é o que já está sendo discutido no processo que ele está sendo acusado agora. Mas até então, se ele estava me propondo trabalhar para ele, e me ofereceu para custear metade dos meus estudos, eu achei, ‘tudo bem’. Eu aceitei e fui estudar.

Fantástico: E a outra metade…
Juliana Leite: Eu paguei, sim.

Juliana ganhou 500 mil reais na época do BBB, um carro, e fez vários trabalhos publicitários.

Fantástico: Vocês não tinham mais nenhum relacionamento amoroso?
Juliana Leite: Nós tivemos um breve relacionamento quando eu voltei, em 2007, 2008. Mas eventualmente eu fiquei sabendo que ele era casado. E eu terminei e falei que o nosso relacionamento, a partir de agora, tem que ser uma coisa profissional. E ficou uma amizade.

Fantástico: Quantas vezes você esteve com o senador e com ele?
Juliana Leite: Eu acho que eu posso dizer que talvez umas cinco vezes ao longo de todos esses anos.

Juliana está preocupada que o envolvimento do seu nome no escândalo possa atrapalhar a sua imagem profissional. Ela já foi procurada pela polícia.

Fantástico: E o que eles queriam saber principalmente?
Juliana Leite: Ah, eles queriam saber sobre o meu relacionamento, eles queriam saber sobre alguns contratos que ele está envolvido, que está também citado nesse indictment.

Fantástico: Tinha alguma dúvida, como o jornal chegou a sugerir, e até às vezes no processo, de que você fosse uma garota de programa? Que tivesse sido financiada por ele?
Juliana Leite: Não, na verdade, essas minhas viagens, eles estavam com algum receio de que eu tivesse, de alguma forma, escondendo o dinheiro dele. Eu fui a Hong Kong visitar um cliente. ‘Ah, você foi a Hong Kong, você está levando…’ Como se estivesse levando de alguma forma, escondendo dinheiro para ele.

Fantástico: A única coisa que você quer agora é ter o seu nome livre desse envolvimento?
Juliana Leite: O meu nome está livre. No momento, está livre. E eu fui envolvida em uma coisa sem nem saber. Por isso que eu resolvi falar com o ‘Fantástico’ para clarificar isso. E realmente eu não preciso me preocupar. Ele é que tem que estar se preocupando, porque ele tá preso, coitado. (Fantástico)