Muitos funcionários fingem que estão trabalhando para parecer mais úteis, evitar demissão, conseguirem uma promoção ou escapar de mais trabalho. A conclusão é de uma pesquisa realizada nos EUA pela empresa americana Visier, especializada em soluções tecnológicas para recursos humanos. Segundo o levantamento, isso acontece num cenário de crescente pressão por mais produtividade, em que os trabalhadores sentem que não podem parecer que estão sem fazer nada.
Mexer na tela do computador só para não entrar no modo descanso e responder a e-mails que não exigem uma ação imediata são considerados comportamentos performáticos pela pesquisa. Entre os principais motivos para fingir que trabalham, 64% citam que é importante para o sucesso profissional e 41% afirmam que querem parecer mais valiosos para a empresa.
Ao longo de uma semana média de trabalho, 22% dos entrevistados disseram gastar quase metade do tempo de trabalho (20 horas) em funções que não contribuem de verdade para a empresa.
O levantamento consultou mil trabalhadores em tempo integral – presencial, híbrido e home office – em fevereiro de 2023. Desses, 83% admitiram realizar tarefas pouco úteis, mas que dão impressão de serem importantes, em vez de se dedicar a outras com resultados significativos. Mas nem sempre o trabalho performático é ofensivo, vira um problema para a eficiência da empresa quando passar a ser praticado com frequência.
A pesquisa aponta que os funcionários que trabalham nos modelos presenciais e híbridos foram os que mais se sentiram vigiados por suas chefias, e isso os induz a se mostrarem mais ocupados.
Os líderes têm o papel de delegar tarefas para as equipes, mas existem diferentes maneiras de acompanhar os colaboradores de modo saudável, diz Susan Vroman, docente de administração da Universidade Bentley, em Massachusetts (EUA).
A professora afirma que líderes preparados não buscam microgerenciar equipes, isto é, criar uma lista gigantesca de tarefas para manter as pessoas ocupadas. “Acredito que [as chefias] estão tentando encontrar uma maneira pela qual todos sintam que estejam recebendo crédito pelo trabalho que estão fazendo no tempo de que precisam.”
O desafio, segundo Vroman, é o tempo que os líderes vão levar para aperfeiçoar esse monitoramento saudável. Até lá, de um lado, parte do quadro de trabalhadores vai considerar a supervisão excessiva, enquanto outros vão estar satisfeitos pelo acompanhamento.
Para alguns chefes, um trabalhador que seja mais quieto pode parecer que não faz muita coisa ou tem pouco trabalho. Isso é um equívoco, afirma Maíra Blasi, especialista em futuro do trabalho e fundadora da Subversiva, consultoria especializada em transformação organizacional.
“Valorizamos muito mais pessoas agitadas e que estão se comunicando, parecendo que estão trabalhando, em vez de olhar para as entregas em si. Parece que estar se movimentando se torna mais importante do que fazer as entregas.”
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