As opiniões se dividem. De um lado estão aqueles que vivem sobressaltados com a possibilidade dela tombar sobre suas casas, colocando-os em risco de morte. São os proprietários do terreno onde existe uma árvore a centenas de anos, e os moradores que vivem no seu entorno. Para estes só existe uma solução: cortá-la. Do lado oposto estão aqueles que querem, a todo custo, mantê-la viva e majestosa, reinando por muito mais tempo. O que fazer?
Estamos falando da castanheira-do-Brasil ou castanheira-do-Pará, localizada no quintal de uma casa no alto do bairro do Amparo, em Valença; uma árvore com 50 metros de altura, quase 7 metros de circunferência no seu troco e 25 metros de copa.
Há mais de uma década os moradores começaram a se preocupar com a possível queda da árvore, recorreram a diversos órgãos (Prefeitura, Câmara, Ministério Público, CODEMA, Secretaria de Meio Ambiente) externando essa preocupação e solicitando uma solução.
Diante da situação, o Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente (CODEMA) e a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SEMMA) contrataram a empresa Bioconsultoria Ambiental Ltda. para que fosse feita uma avaliação do estado fitossanitário da castanheira ou de suas partes e possíveis riscos de sua queda sobre os moradores, suas residências e rede elétrica, bem como sobre transeuntes e veículos que trafegam pela Rua Veteranos da Independência.
A empresa encarregada de fazer os estudos utilizou a metodologia desenvolvida pela Sociedade Internacional de Arboricultura – ISA (sigla em inglês), que é um conjunto de técnicas que identificam, analisam e avaliam, através de uma abordagem sistemática e padronizada, o risco da árvore, visando promover a segurança das pessoas e dos patrimônios públicos e privados. Os dados colhidos pela equipe técnica resultaram em um relatório que foi apresentado ao CODEMA, sinalizando para diversos aspectos relacionados aos galhos, ao tronco, às raízes e à copa.
O primeiro aspecto: os galhos da árvore possuem mais de 20 cm de diâmetro e 10 m de comprimento, situados a mais de 30 m de altura, o que, associado ao peso das epífitas e trepadeiras existentes, pode provocar um acidente de sérias consequências.
O segundo aspecto: queda da árvore provocada pela rachadura com apodrecimento do cerne na porção inferior do tronco, o que causaria danos com maior gravidade às residências e a rede de distribuição de energia elétrica, existente no trecho, com impactos significativos.
O terceiro aspecto: queda da árvore ocasionada pela exposição das raízes devido à perda de solo por erosão laminar, o que causaria danos maiores.
O quarto aspecto: queda da árvore provocada pela copa desequilibrada, com maior parte do seu peso voltada para o Sudeste, mesma direção para qual a árvore está inclinada, associada ao grande peso ocasionado pelas epífitas e trepadeiras existentes na copa, aumentando o efeito “vela” da copa.
De acordo com a avaliação feita em campo e análises técnicas com base nas informações levantadas, a classificação geral de risco de queda da castanheira-do-pará é considerado alto, o que respaldou a decisão de supressão.
Vale salientar que nenhuma medida a ser tomada no sentido de evitar o corte ou queda da arvore seria eficiente, em função do apodrecimento do cerne. As consequências, então, seriam muito graves e irreparáveis.
Diante do laudo técnico e das demandas do Ministério Público, a SEMMMA e CODEMA não poderiam ficar alheios a essa problemática, o que provocou a contratação de uma empresa especializada para execução do serviço.
Por Ivamar Queiroz