O bombardeio aéreo, confirmado pelos militares israelenses, atingiu uma área adjacente à escola al-Awda, na cidade de Abasan al-Kabira, a leste de Khan Younis, uma região onde civis que se retiraram de outras áreas de conflito estavam acampadas.
Exército israelense afirma que operações miram terroristas do Hamas, ligados ao atentado de 7 de outubro contra o país; Alemanha critica ataques seguidos contra escolas servindo de abrigo a deslocados.
Durante novas operações em diferentes áreas da Faixa de Gaza, as Forças Armadas de Israel atingiram instalações da agência da ONU para refugiados palestinos (UNRWA, na sigla em inglês) na Cidade de Gaza e nos arredores de Khan Younis, no centro e no sul do enclave, respectivamente. As autoridades israelenses afirmam que as instalações são usados como base para operações terroristas, enquanto palestinos e observadores internacionais questionam o risco das ações para pessoas deslocadas pelo conflito, que buscam abrigo temporário nas instalações — quase 2 milhões de pessoas tiveram que se deslocar desde o início do conflito, segundo a ONU, e o Exército israelense ordenou uma nova retirada de civis da capital nesta quarta.
O Ministério da Saúde de Gaza, administrado pelo Hamas, anunciou a morte de ao menos 25 pessoas em um bombardeio no sul do enclave, na terça-feira. O bombardeio aéreo, confirmado pelos militares israelenses, atingiu uma área adjacente à escola al-Awda, na cidade de Abasan al-Kabira, a leste de Khan Younis — uma área onde civis deslocados de outras regiões de conflito estavam acampadas.
As Forças Armadas israelenses argumentaram que o ataque tinha como alvo um terrorista ligado à ala militar do Hamas, que participou do atentado de 7 de outubro. Os militares ainda afirmaram que foi utilizada “munição de precisão” durante a operação, e que os relatos de civis feridos estavam sendo analisados.
O bombardeio foi o quarto, nos últimos quatro dias, a atingir diretamente (ou os arredores) de alguma área utilizada como abrigo por pessoas deslocadas pelo conflito, segundo uma contagem feita pela rede britânica BBC. Antes do ataque no sul, duas escolas da ONU no campo de refugiados de Nuseirat foram atingidas por operações, além de uma escola na Cidade de Gaza. Os ataques em sequência provocaram reações internacionais.
“Pessoas em busca de abrigo em escolas sendo mortas é inaceitável. Civis, especialmente crianças, não podem ser pegas pelo fogo-cruzado. Os ataques recorrentes a escolas pelo Exército de Israel precisam parar e uma investigação deve vir rapidamente”, escreveu o Ministério das Relações Exteriores da Alemanha, em uma publicação na rede social X, nesta quarta-feira.
No campo de batalha, os sinais são de que a operação não vai ter uma trégua imediata. Soldados de Israel estão engajados em uma operação terrestre contra o prédio central da UNRWA, onde o Exército disse ter eliminado terroristas do Hamas e da Jihad Islâmica e apreendido armas e explosivos. Um soldado foi morto na terça-feira, por um sniper do Hamas, no bairro de Tel al-Hawa.
“Os soldados realizaram uma operação de contra terroristas do Hamas e da Jihad Islâmica que usavam a sede da UNRWA na Cidade de Gaza como base para lançar ataques”, disse o Exército em um comunicado. “[Os soldados] eliminaram terroristas durante os combates e localizaram grandes quantidades de armas”.
A diretora de comunicação da UNRWA, Juliette Touma, disse que era difícil saber se havia pessoas refugiadas nas instalações da capital palestina.
Nesta quarta-feira, o Exército de Israel lançou panfletos na Cidade de Gaza com pedidos para que todos os moradores sigam para o sul do território palestino. A mensagem, direcionada a “todas as pessoas presentes na Cidade de Gaza”, afirma que há “corredores de segurança” para seguir até o sul e alerta que a cidade “continua sendo uma zona de combates perigosa”. (Com AFP).
Jornal O Globo