A saída do ministro da Saúde, Nelson Teich, menos de um mês após assumir o cargo, tem como principal razão a discordância do profissional de saúde com o presidente da República, Jair Bolsonaro, em relação ao medicamento hidroxicloroquina.
Na live de quinta-feira (14) à noite, Bolsonaro afirmou que conversou com Teich para ele rever o protocolo de uso do medicamento, determinado pelo ex-ministro Luiz Henrique Mandetta apenas para pacientes em estado grave.
Teich, todas as vezes que falou sobre o assunto, reforçou que faltavam dados científicos que comprovassem a eficácia do medicamento. Ele chegou a dizer, inclusive, que só se basearia na ciência para defender qualquer tratamento.
Estudos recentes mostraram resultados insatisfatórios da hidroxicloroquina no combate à covid-19 e reforçaram a dificulade do ministro em aceitar o remédio.
Na semana passada, ele até ensaiou um recuo ao dizer que o Ministério da Saúde queria mudar o direcionamento do tratamento, ao pensar não só nos doentes em estado grave, internados, mas também nos que acabavam de contrair o vírus Sars-Cov2. Ainda assim não citou a hidroxicloroquina.
Segundo o presidente, o Conselho Federal de Medicina (CFM) indica o uso do remédio para doentes recém-infectados. “Então, falei com o Teich para ele mudar isso, e ele deve anunciar isso amanhã [hoje, sexta-feira (15)]”, comentou o presidente um dia antes do pedido de demissão do ministro.
Bolsonaro chegou a dizer que caso sua mãe, de 93 anos, pegasse a covid-19, daria a ela imediatamente a cloroquina.
No início desta sexta, o presidente voltou a falar do protocolo da hidroxicloroquina na porta do Palácio da Alvorada. Ele disse a apoiadores que em algumas horas Teich anunciaria a mudança que estimularia o uso do medicamento.
O remédio foi defendido pela primeira vez em março pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.