O governador da Bahia, Rui Costa (PT), afirmou nesta terça-feira que não colocou a Polícia Militar à disposição do presidente Jair Bolsonaro no evento de inauguração do aeroporto de Vitória da Conquista (BA), porque, segundo ele, o Planalto organizou uma cerimônia “exclusivamente federal” com restrição à presença do “povo baiano”.
– Estou de partida para Vitória da Conquista para inauguração de aeroporto. Lamentável a decisão do governador da Bahia que não autorizou a presença da Polícia Militar para a nossa segurança. Pior ainda, passou a responsabilidade de tal negativa ao seu Comandante Geral.
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) July 23, 2019
“Eu não posso colocar a Polícia Militar para espancar o povo baiano que quer conhecer aeroporto, então quem é impopular e tem medo de ir para as ruas, fica em seu gabinete. Se o evento é exclusivamente federal, as forças federais que cuidem da segurança do presidente. Não posso botar a PM pra entrar em conflito com pessoas que querem ver o aeroporto”, disse o governador em entrevista à Rádio Metrópole, de Salvador, nesta terça. Costa se referia à colocação de tapumes ao redor do aeroporto para restringir o acesso do público. Na manhã desta terça, o presidente se queixou no Twitter da ausência da PM baiana em sua escolta. “Lamentável a decisão do governador da Bahia que não autorizou a presença da Polícia Militar para a nossa segurança”, escreveu ele.
O conflito do presidente com governadores do Nordeste, cuja maioria é filiada a partidos da oposição, chegou ao ápice na última sexta-feira, quando vazou o áudio de uma conversa do presidente usando a expressão “de Paraíba” para se referir a governadores nordestinos.
A presença de Rui Costa na cerimônia estava confirmada, mas ele decidiu não comparecer.O petista acusou o governo Bolsonaro de fazer uma inauguração “restrita a poucas pessoas, escolhidas a dedo, como se fosse uma convenção político-partidiária”.
O aeroporto Glauber Rocha – batizado em homenagem ao cineasta natural de Vitória da Conquista, responsável por longas premiados como Deus e o Diabo na Terra do Sol, Terra em Transe e O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro – custou cerca de 145 milhões de reais em recursos do governo federal e estadual, com financiamento federal concluído na gestão presidencial anterior, de Michel Temer.