Falta de chuvas ameaça safra de cacau na Costa do Marfim, alertam agricultores

A safra de cacau da Costa do Marfim, maior produtora mundial da amêndoa, pode sofrer impactos significativos devido à escassez de chuvas registrada na última semana. Agricultores de diversas regiões do país relataram que a precipitação ficou abaixo da média, colocando em risco a safra intermediária que ocorre entre abril e setembro.

Segundo relatos, a estação chuvosa — que oficialmente vai de abril até meados de novembro — começou de forma tímida. Muitos produtores afirmaram que os frutos estão pequenos e em menor quantidade do que o esperado para o período.

A fraca oferta está em contraste com a alta demanda do mercado local. Os compradores têm oferecido 2.200 francos CFA por quilo, valor estabelecido pelo governo na abertura da temporada de comercialização, mas os produtores temem que o clima afete negativamente tanto a produtividade quanto a qualidade dos grãos.

Pierre N’Goran, agricultor da região de Yamoussoukro, relatou que apenas 1,3 mm de chuva caíram na semana passada — um déficit de 19,3 mm em relação à média dos últimos cinco anos. “Está muito quente e não chove muito, isso não é bom para as plantações de cacau”, disse ele.

Situação semelhante foi registrada em outras regiões importantes para o cultivo, como Bongouanou, Daloa, Agboville, Divo e Abengourou. Em Soubre, por exemplo, caíram apenas 7,3 mm de chuva, 11,9 mm abaixo da média histórica, segundo o agricultor Salame Kone.

Apesar do cenário preocupante, há um fio de esperança entre os produtores. Muitos ainda aguardam que, com a formação de nuvens e o amadurecimento dos frutos, a colheita ganhe força a partir de maio. “Achamos que vai chover abundantemente nos próximos dias”, disse Kone com otimismo.

A temperatura média semanal na Costa do Marfim oscilou entre 27,8°C e 31,9°C — níveis que, sem umidade adequada, podem acentuar o estresse hídrico das plantações e prejudicar o desenvolvimento dos grãos.

Com a safra intermediária em risco, o mercado internacional segue atento, já que qualquer impacto na produção marfinense tende a influenciar diretamente os preços globais do cacau

Fonte: mercadodocacau com informações reuters