O carro elétrico já é realidade. Na edição 439 da revista MOTOR SHOW (leia mais aqui), publicamos uma reportagem especial sobre eletrificação, onde explicamos as tecnologias e vantagens de cada tipo de tecnologia, dos híbridos leves aos carros 100% elétricos. Aqui no site, publicaremos esta reportagem especial sobre eletrificação em etapas. Na primeira parte, mostramos as novas tecnologias dos motores a combustão (leia aqui), que não vão ser aposentados tão cedo. Na segunda, falamos dos híbridos leves (leia aqui). Na terceira, falamos dos full hybrids, os híbridos completos (leia aqui). Na quarta parte, falamos dos híbridos plug-in, ou plugáveis (leia aqui), que são o elo entre os carros com motor a combustão e os carros totalmente elétricos – pois resolvem o problema da “ansiedade da autonomia”. Agora, chegamos, enfim, aos 100% elétricos.
Não há nada de novo sob o sol: afinal, os carros já eram elétricos desde o início, e a primeira geração de baterias de chumbo-ácido remonta a… 1859. No entanto, avanços na tecnologia de baterias eram necessários para este tipo de veículo se tornar uma solução verdadeiramente viável. Tal virada veio com o advento das baterias de íons de lítio, cuja densidade de energia, embora ainda bastante inferior à da gasolina, é significativamente maior do que nas baterias de chumbo-ácido usadas em veículos do passado.
Faça bem as contas
A maior vantagem dos carros elétricos é a total ausência de emissões de escapamento, portanto, zero impacto no ambiente local. Mas, na verdade, isso é verdade se pensarmos exclusivamente nas emissões do veículo durante sua operação. Se, por outro lado, todo o ciclo de vida for considerado de forma mais correta, ao menos em termos de emissões de CO2 o impacto de um carro elétrico movido a bateria está longe de ser nulo – e pode até ser maior do que o de um carro a gasolina (e, ainda, é muito maior que um flex rodando com etanol). Afinal, tudo depende de como é obtida a energia necessária à produção, à utilização e à reciclagem do automóvel. Para gerar 1 kWh de eletricidade, de zero (fontes renováveis) a 900 (usinas a carvão) gramas de CO2 podem ser emitidos. De qualquer modo, os veículos elétricos serão cada vez mais difundidos, também graças ao aumento da autonomia, aos incentivos dos governos e à maior disponibilidade geral de postos de recarga.
O futuro: expansão garantida
Tudo parece favorecer um enorme crescimento no número de carros elétricos em circulação. E este processo será acelerado pela esperada melhoria na tecnologia de baterias, que serão cada vez mais capazes e leves, além de menos caras. No momento, porém, são necessários 30 vezes mais peso de bateria do que de gasolina, etanol ou diesel para garantir uma autonomia equivalente.
Para quem serve: cuidado com os lugares-comuns
Ainda há vários mitos sobre o carro elétrico que é bom esclarecer
É verdade que a poluição que eles produzem é zero?
Apenas em termos de emissões locais. Já as emissões de CO2 dependem das fontes de energia usada para produzir o carro e as baterias, e também para recarregá-las.
Para quem os carros elétricos são considerados mais adequados?
Para quem os usa principalmente na cidade e tem estrutura para recarga domiciliar; os custos de reabastecimento em estações públicas são geralmente muito mais altos.
Eles servem para viagens longas?
Só se você planejar bem as paradas para recarregar, levando em consideração o tempo necessário para essa operação. Há vários aplicativos para smartphone que permitem que você se organize melhor. Mas o Brasil, por exemplo, ainda é fraquíssimo em infraestrutura de carregadores.
O que é preciso para recarregar as baterias em casa?
Energia adequada. Uma tomada “Schuko” é suficiente, mas o tempo de carregamento pode ser longo. Se possível, é preferível instalar uma wallbox, que gerencia o funcionamento da melhor forma possível, evitando o risco de superaquecimento e outros possíveis transtornos.
Há vantagens fiscais e práticas?
Os carros elétricos têm muitos benefícios, que variam de acordo com as regiões e cidades: desde a isenção de impostos até estacionamento gratuito e liberação de rodízio em São Paulo (mas essa vantagem todos os híbridos hoje também têm).
Glossário
Recarga
As baterias de íon-lítio são recarregadas tanto por fontes externas quanto pela energia recuperada na desaceleração do veículo, o que contribui para aumentar a autonomia.
Rotor
Elemento constitutivo do motor elétrico, ele segue o movimento do campo magnético no qual está imerso, que é gerado pelo estator, entregando a potência mecânica que é transmitida às rodas do carro (sem marchas).
Estator
É o coração do motor elétrico: constituído por condutores de cobre, isolados e envolvidos em torno de um núcleo de material ferromagnético, ele tem a função de gerar um campo magnético giratório, dentro do qual atua o rotor (acima).