Uma empresa de limpeza de Porto Alegre está sendo investigada pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul por supostamente recondicionar e vender alimentos e produtos de higiene que foram contaminados pelas enchentes que assolaram o Rio Grande do Sul. A operação ocorreu na manhã desta sexta-feira (28) e apontou, segundo a RBS TV, afiliada da Tv Globo no RS, a Ambos Demolidora, de propriedade de João Paulo Ambos. A investigação aponta que a empresa, contratada para limpar áreas afetadas pelas enchentes na capital gaúcha, deveria recolher e descartar os produtos danificados. Contudo, em vez de seguir o protocolo, a empresa teria optado por revender os produtos. A operação incluiu a execução de cinco mandados de busca e apreensão em endereços associados à empresa.
Vanessa Pitrez, diretora do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), expressou indignação:
“É inadmissível que uma empresa que está trabalhando na limpeza de locais atingidos pela enchente comercialize alimentos que deveriam ser descartados”, diz Vanessa Pitrez.
A Polícia Civil e a Vigilância Sanitária identificaram alimentos, bebidas e itens de higiene entre os produtos postos à venda. Esses produtos foram flagrados em processo de limpeza pelos funcionários da empresa, conforme relatado pela RBS TV, afiliada da TV Globo.
O diretor do Procon Porto Alegre alertou sobre os riscos desses produtos retornarem ao mercado:
“São muitos alimentos e o mais grave é que são alimentos que foram recolhidos do lixo. Na verdade, os alimentos, tudo indica que eles foram recolhidos da reciclagem, do que os comércios descartaram. Eles foram recolhidos para aquele depósito onde foi feita a limpeza e seriam colocados novamente à venda para a população”, disse o diretor do Procon Porto Alegre.
“Provavelmente, seria trazido para cá, seria colocado à venda para a comunidade, que é uma comunidade carente e, muitas vezes, provavelmente também vai ser distribuído para outros pequenos comércios locais ou até de outros bairros da cidade”, afirmou.
A suspeita é que esses produtos tenham sido expostos à contaminação da água da enchente, tornando-os impróprios para o consumo humano. A delegada Cristiane Becker, que lidera a investigação, reforçou o perigo:
“Os produtos que entraram em contato com as águas das enchentes possuem um alto risco de contaminação, sendo impróprios ao consumo humano, já que podem ocasionar inúmeros males à saúde dos consumidores”, afirma a delegada Cristiane Becker.
João Paulo Ambos, proprietário da empresa, afirmou em sua defesa que os produtos deveriam ser descartados e que ele não tinha conhecimento das ações de seus funcionários. No entanto, a investigação continua, e os proprietários podem enfrentar acusações de crimes contra as relações de consumo, com penas de até 5 anos de prisão.