A imposição de tarifas pelo governo dos Estados Unidos levou a China a retaliar com novas taxas sobre produtos agrícolas norte-americanos, abrindo espaço para o Brasil expandir suas exportações. Desde o dia 10, Pequim elevou em 15% as tarifas sobre carne de frango, trigo, milho e algodão dos EUA, além de sobretaxar soja, sorgo e carne bovina em 10%.
Especialistas avaliam que o agronegócio brasileiro pode se beneficiar do cenário, uma vez que a China buscará novos fornecedores para suprir a demanda. Além disso, países como México e Canadá, também afetados pela política comercial norte-americana, podem reforçar suas compras de produtos brasileiros.
Para a tributarista Priscila Ziada Camargo Fernandes, do escritório Ernesto Borges Advogados, a expectativa é de alta nos preços das commodities brasileiras.
“Sem dúvida, deve haver um impacto positivo do ponto de vista de preço, porque a importação chinesa deve deprimir os preços nos Estados Unidos e fortalecer os do Brasil”, explicou ao UOL.
A carne bovina brasileira, por sua vez, pode registrar maior procura no mercado chinês, segundo Mariana Inocente P. Guimarães, gerente de exportação para a Ásia da Ramax Group. Apesar de atuar em nichos diferentes – a carne americana atende diretamente restaurantes e supermercados, enquanto a brasileira é mais usada na indústria –, a redução da oferta dos EUA pode aumentar a demanda por proteína animal do Brasil.
Guimarães destaca que a oportunidade de mercado pode ser ainda maior para outras proteínas, como carne suína e frango.
“Diminuindo as ofertas dos Estados Unidos, a procura por porco e frango vai ser ainda maior e a empresa completa no mercado de proteínas deve aumentar as vendas desses itens e, consequentemente, o preço negociado”, afirmou.
Apesar das boas perspectivas para o Brasil, a taxa de juros e a defasagem da produção nacional ainda são desafios para o setor agropecuário. O impacto real da disputa comercial entre China e EUA dependerá do comportamento do mercado nos próximos meses e do fechamento da atual safra.