Decisão histórica reverteu quase duas décadas de domínio dos socialistas no país da Venezuela

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Reprodução/ BBC

A oposição na Venezuela conquistou a maioria das cadeiras na Assembleia Nacional, revertendo quase duas décadas de domínio dos socialistas (desde 1999, com a primeira eleição de Hugo Chávez) representados pelo presidente Nicolás Maduro.

Cinco horas após o fechamento do pleito, com 96% das urnas apuradas, o Conselho Nacional Eleitoral, órgão responsável pela apuração dos votos, anunciou que a oposição ganhou 99 das 167 cadeiras do Parlamento do país.

A aliança da oposição, formada por partidos conservadores e de centro, diz estar confiante de que vai obter 112 cadeiras depois de 17 anos de governo socialista.

De acordo com opositores, se confirmada a hipótese, seria possível aprovar leis que permitiriam a libertação de prisioneiros políticos e reverter, por exemplo, indicações do Judiciário feitas pelo governo atual.

“Os resultados são como esperávamos. A Venezuela venceu. É irreversível”, tuitou Henrique Capriles, principal figura da oposição e ex-candidato à Presidência.

Apesar da derrota, o Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), que governa o país, ainda deve manter forte representatividade no cenário político, já que controla muitos municípios.

As eleições foram amplamente vistas como um referendo antecipado para Maduro, o sucessor de Hugo Chávez (1954-2013), e as políticas socialistas do partido.

A oposição acusou o PSUV de destruir a economia e esbanjar as riquezas de petróleo do país.

Maduro, por sua vez, diz que seu partido defende os interesses dos venezuelanos comuns e quer completar a chamada “Revolução Boliviariana”, iniciada por seu antecessor, Hugo Chávez.

‘Escassez’

Uma das principais questões levantadas durante a campanha foi a escassez crônica de alimentos ─ como leite, arroz, café, açúcar, farinha de milho e óleo de cozinha.

Maduro afirmou que a situação era resultado da “guerra econômica” travada contra seu governo pela oposição.

Opositores também acusam o governo de práticas autoritárias.

No início deste ano, o líder da oposição Leopoldo López recebeu uma pena de 13 anos por incitar a violência uma acusação que os críticos dizem ter motivações políticas.

A Venezuela convidou observadores da Unasul (União das Nações Sul-Americanas) para acompanhar as eleições, mas rejeitou integrantes da Organização dos Estados Americanos (OEA) e da União Europeia.

Na tarde de domingo, o governo venezuelano revogou as credenciais dadas a vários observadores internacionais.

Segundo a presidente do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela, Tibisay Lucena, o ex-presidente da Bolívia Jorge Quiroga descumpriu termos do credenciamento ao dar declarações “sem lugar nestas eleições”.