Quem frequenta o Fazendão e a Fonte Nova vê sempre um garoto no gramado e no vestiário do time, entre os jogadores. Ele interage com os atletas, entra em campo com eles, participa da ‘resenha’ e até da preleção. Com a bola no pé, durante os treinos, mostra habilidade. Quem seria ele, afinal? Um novo reforço do time, talvez?
De certa forma, sim. Aos 12 anos, Vinícius é uma promessa do futebol. Nesta sexta-feira, 21, fez seu primeiro teste no Bahia, para nascidos em 2002 e 2003. Marcou quatro gols em 20 minutos e, claro, foi aprovado para treinar na base. Mas obviamente esse não é o motivo de ele ser tão popular. O garoto-celebridade é irmão caçula do atacante Kieza. Por isso, seu apelido entre os boleiros não podia ser outro senão Kiezinha.
Coincidentemente, o artilheiro tricolor, autor de 17 gols nesta temporada, retorna neste sábado, 22, ao Esquadrão após dois jogos de ausência. Isso significa que Kiezinha também estará na Fonte Nova para o duelo com o América-MG, às 16h30.
Vinícius passou a morar com o irmão há um mês. Antes, ele, a mãe do jogador, Dona Idelma, e o padrasto de Kieza iam e vinham de Vitória, no Espírito Santo, com frequência. Levar os parentes à cidade para onde se transfere é tradição do atacante. “A gente só consegue ter paz e tranquilidade junto da família”, alega. “Além disso, Vinícius é um garoto muito ligado a mim. Temos uma relação não só de irmãos. Ele me faz feliz demais”, completa.
Com isso, Kiezinha já morou em Recife, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e até na China: “Fiquei seis meses com ele lá”, lembra o menino, pouco animado. “É que foi bom por um lado e ruim pelo outro, né? É bom que lá não tem ladrão, dá para sair na rua sem medo de ser assaltado. Mas não tinha como brincar, não tinha com quem conversar porque eu não entendia nada do que falavam (risos)”, relata.
Mas, mesmo no time chinês, Kiezinha não deixou de frequentar os treinos e até de bater uma bolinha. “Meu irmão gosta que eu participe de tudo. Às vezes, até durmo com ele no quarto da concentração. Os jogadores gostam muito de mim e eu deles”, conta Vinícius. “Rômulo, Alexandro e Jailton são os mais próximos. Mas Zé Roberto é o que mais me perturba. Ele fica dizendo que sou orelhudo”, conta, aos risos.
‘Futuro’ da família
A marcação cerrada em Kiezinha não é apenas por saudade. O irmão se preocupa em educá-lo bem para a vida de jogador. “Ele brinca que eu sou o futuro dele”, entrega Vinícius. “‘Você tem que ser mais humilde’! Ele sempre fala isso. Diz que quanto mais humildade na vida, melhor, porque assim você conquista tudo. Estou melhorando, antes era mesmo ‘respondão’, me achava demais… Percebi que isso não me ajudava em nada”, afirma.
“Mas a ajuda de Kieza não é conversa não, ele briga comigo. Mas eu amo ele de qualquer jeito”, diz o mais novo. “Às vezes, ele tenta ir para a linha torta, mas a gente puxa ele para a certa”, rebate o mais velho. “Procuro educar ele não só para o futebol, mas para a vida. Acho que, quando a pessoa é humilde, abre portas em tudo que é lugar”, opina.
Kiezinha conta que começou a jogar bola com cinco anos e que não teve influência direta do irmão: “Ele não pegou e me ensinou, eu já sabia e ele me ajudou a melhorar”. Sobre as características, diz ser um meia que sabe atacar: “Sei driblar bem, mas bato melhor na bola. Gosto de cobrar todas as faltas do time. No time que eu jogava em Vitória, era o camisa 10 e capitão. Gostava de fazer gol e ficar driblando. O pessoal gostava de dar porrada em mim, mas eu nunca me importei”, conta.
O garoto garante que a dupla não pensa em deixar o Bahia tão cedo: “Ele já disse pra mim que, se pudesse, comprava o passe (do chinês Shangai Shenxin) e ficava aqui. Eu também”. É melhor que a China, Kiezinha? “Poxa, bem melhor que a China. Bem melhor…”
De volta ao time
Kieza não enfrentou o Atlético-GO, no último dia 14, por conta de uma entorse no tornozelo. Contra o Sport, na quarta, foi poupado. Neste sábado, depois de participar normalmente dos treinos durante a semana, ele volta ao ataque ao lado de Alexandro. Maxi Biancucchi e Yuri, suspensos, são os únicos desfalques da equipe.
Cauteloso, o camisa 9 não garantiu participação contra o Coelho, mas diz estar recuperado. “A gente tratou muito para voltar antes do tempo. Estou no período final de recuperação e espero entrar em campo no sábado”, diz.
A Série B não tem sido boa para o atacante: ele participou de apenas nove jogos no 1º turno. Dos problemas físicos que teve, uma pubalgia foi a que mais lhe atrapalhou. Kieza diz que ainda não está 100% livre do problema, que é crônico. “A gente nunca tá zerado. jogador de futebol tem sempre uma dor, um incômodo, e tem que passar por cima disso. Não está atrapalhando, isso que importa, consigo jogar e venho treinando bem”, afirma.
Para o confronto com o Coelho, o atacante quer apenas um triunfo e o fim das lesões: “Espero parar de me machucar. Fiquei muito triste com isso, e espero que a partir de agora sejam só jogos e que fique bem longe do DM”.
O meia Gustavo Blanco, que fez boa partida contra o Sport, deve ser titular. Ele ganha a vaga de Tiago Real, que vem em queda. O meia Eduardo, que se recuperou de uma virose, volta ao time, além dos laterais Cicinho e Vitor, poupados por conta do desgaste do duelo da última quarta.