Compulsão sexual é doença e precisa de tratamento

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Antes de começar a discutir qualquer questão a respeito da compulsão sexual, é preciso primeiro esclarecer que existe uma enorme diferença entre ser compulsivo e gostar muito de sexo. Quem alerta é a psicóloga dos Transtornos do Impulso do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo, Liliana Seger.

De acordo com ela, o fato da pessoa ter uma vida sexual intensa, de maneira alguma é um sintoma da compulsão sexual. “Ter muita vontade de transar não caracteriza um transtorno. A diferença é que o compulsivo não consegue resistir aos pensamentos e desejos, que precisam ser saciados no mesmo momento, não importando com quem”, explica.

De verdade, a compulsão sexual, definida por muitos como ninfomania, é um transtorno psiquiátrico do impulso em que o indivíduo tem pensamentos e atos obsessivos envolvendo o sexo.

Esse transtorno está intimamente relacionado à ansiedade e, não raro, a outros transtornos obsessivos compulsivos. “Quem sofre desse problema tem dificuldade de pensar e se concentrar em coisas que não estejam relacionadas ao sexo. Além disso, outra característica do compulsivo é agir por impulso, sem premeditar”, afirma.

O grande problema de lidar com essa doença, conforme explica a especialista, é o fato de que o sexo envolve prazer. Nesse sentido, a compulsão não incomoda e, a princípio, não parece fazer mal. Por isso é bastante comum que o compulsivo sexual conviva com esse transtorno por muitos anos, antes de perceber que se trata de um problema sério. “Essas pessoas geralmente só buscam tratamento quando já estão com a vida social totalmente abalada, convivendo com problemas na família, no casamento e até no trabalho”, diz Seger.

E como o próprio compulsivo tem dificuldade de perceber que sofre de um transtorno do impulso, geralmente os primeiros que notam os sintomas são os familiares, amigos e colegas de trabalho. “A pessoa começa a apresentar modificações relevantes no comportamento: vai constantemente ao banheiro para se masturbar, deixa de conviver com outros indivíduos nas horas livres, e por aí vai”, afirma.

Seger revela ainda que a compulsão sexual, em 95% das vezes, se manifesta em homens e, geralmente, a partir dos 30 anos. Para piorar, a própria sociedade acaba endossando esse comportamento, quando considera o homem que se dedica tanto ao sexo como viril e machão. Já em relação às mulheres, esse tipo de atitude é muito menos aceita.

É possível tratar?
Para os pacientes que sofrem de compulsão sexual, a médica recomenda terapia sexual, que se baseia na busca pelo controle do comportamento. Em associação ao processo terapêutico, geralmente também são administrados antidepressivos, que colaboram para inibir o desejo. “O indivíduo percebe que é dependente e que não está mais no controle das suas vontades e desejos. O importante é que ele entenda em quais situações fica mais ansioso e, a partir daí, possa aprender a se controlar”, esclarece.