Devota de Santa Barbara – padroeira do Corpo de Bombeiros – desde pequena, quando ainda nem sonhava fazer parte do efetivo da corporação, Ana Fausta Assis de Araújo, 48 anos, entra para a histórica da instituição, ao ser promovida e se tornar a primeira mulher a chegar ao posto de tenente-coronel do CBMBA. A promoção foi divulgada no Diário Oficial do Estado, no último sábado (13/07).
Mãe de uma filha, além de criar o irmão portador de Síndrome de Down, a agora tenente-coronel é exemplo de força feminina na corporação. Unida a essa força que é sua marca, o incentivo da mãe também ajudou a seguir o sonho e conseguir ingressar na PM, que à época também era vinculada ao CBMBA.
“Comecei a fazer parte do Corpo de Bombeiros em 1996 e fiquei até 2002 em unidades operacionais. Depois fui convidada para coordenar os cursos de formação praças femininas. Em 2015, quando o quadro das instituições foi separado, optei por seguir a carreira na minha casa, no lugar que sempre me identifiquei, no Corpo de Bombeiros Militar da Bahia”, contou a tenente-coronel Ana Fausta.
Acumula no currículo experiência na unidade de orçamento do comando do CBM, passou pelo 1º GBM/Barroquinha, 3º GBM/Iguatemi e 10º GBM/Simões Filho Grupamentos. Atuou na Escola de Formação de Bombeiros e atualmente comanda o Grupamento Marítimo da instituição (Gmar). “Minha primeira experiência no Gmar foi em 2012, atuando na execução orçamentária, depois retornei para o Gmar como comandante, ressalta, orgulhando-se em comandar unidade que representar CBMBA nas praias.
Na unidade a tenente-coronel também criou o projeto ‘Anjinhos da praia’ que educa crianças sobre como se comportar no mar. “Nos inspiramos em um projeto que existe em vários estados, porém a gente deu mais ‘dendê’ à atividade, para que tivesse mais a nossa cara. Hoje as crianças passam cinco dias aprendendo e brincando com o lema ‘Educar para Prevenir’ para evitar acidentes na água”, disse.
A tenente-coronel adora festa, curte todos os estilos musicais e diz não recuar diante de comportamentos machistas. “O machismo vai sempre existir, mas a vida nos ensina que com o trabalho e dedicação a gente consegue driblar toda maldade do ser humano. Jamais vou admitir determinadas ações e sei a hora de rebater. O machismo velado a gente neutraliza com trabalho, pois lugar de mulher é onde ela quiser”, enfatizou.
Já viveu diversos desafios e lembra com apreensão de um estágio em São Paulo, que marcou sua história na corporação. “Eu havia acabado de sair de serviço quando fui identificada por estar de fardada e chamada para uma ocorrência, e quando descobri era pra ajudar em uma rebelião na Casa de Detenção de SP. Nunca sentir tanto medo, porém fiquei muito feliz em salvar vidas”, explicou.
Para quem deseja seguir a carreira, a coronel deixa uma mensagem. “Não fazemos nada sozinhos. Eu cheguei primeiro, mas outras virão tão boas quanto eu. O ensinamento que deixo é que não desistam e sigam seus corações, não me vejo como espelho, pois sou um ser humano cheio de falhas, mas acredito que todas devem batalhar pelos seus sonhos”, finalizou.
Fotos: Alberto Maraux