Com alta dos preços dos alimentos, menos de 10% da população recebe salário ideal

Menos de 10% da população brasileira tem uma renda considerada suficiente para suprir as necessidades básicas de uma família, como alimentação, habitação e saúde. De acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o salário necessário para uma família de dois adultos e duas crianças deveria ser de R$ 6.769,87, valor que contrasta com o salário mínimo atual, de R$ 1.412.

Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) revelam que o rendimento médio no Brasil é de R$ 3.137, menos a metade do valor ideal estimado pelo Dieese. Essa disparidade é agravada pela alta cesta nos preços dos alimentos, com a base custando, em média, R$ 675,47 em outubro — mais da metade do salário mínimo.

A cesta básica inclui itens como leite, feijão, arroz, pão, café e óleo, mas não contempla uma variedade de vegetais ou produtos de higiene e limpeza. O aumento dos preços, impulsionado por fatores climáticos e econômicos internacionais, tornou o orçamento doméstico ainda mais apertado para as famílias brasileiras.

Solange Medeiros de Abreu, coordenadora do Movimento das Donas de Casa e Consumidores de Minas Gerais, destaca a dificuldade de equilibrar o orçamento. “O salário mínimo não acompanha o aumento dos preços. Substituir alimentos caros por opções mais baratas tem sido um desafio, já que alguns itens, como arroz e feijão, são insubstituíveis. As famílias acabam cortando outros gastos essenciais”, afirma.

A alta nos preços e a discrepância entre a renda média e o custo de vida ideal refletem a necessidade de políticas públicas que reduzam a desigualdade e promovam o acesso a condições mínimas de sobrevivência para uma maioria da população. Enquanto isso, milhões de brasileiros enfrentam dificuldades para garantir o básico no dia a dia.