Por: Rosemeire Cerqueira
Se você é homem e está iniciando a leitura desse texto, provavelmente, em algum momento da sua vida já escutou essa frase: “aquela mulher não serve para casar”. E se você é mulher e já vivenciou algo parecido continue a leitura, pois afinal, o que é uma mulher para casar? O que classifica ou desclassifica uma mulher para o casamento? Em pleno mundo moderno é triste constatar que ainda vivemos em uma sociedade em que mulher para casar deve ser submissa, recatada, com espírito de mãe protetora e o mais importante que saiba cuidar da casa e que espere seu “macho provedor” com um bom café e com um sorriso no rosto depois de um dia de tarefas doméstica.
Mas, e os nossos sentimentos? Onde ficam em meio a tanto machismo e diferenças que colocam o homem como senhor do seu destino e do destino da sua esposa? Será que não posso me sentar em um bar com amigas e tomar uma cerveja? Será que minhas roupas definirão minha índole? Ou melhor, com o perdão da palavra usarei o velho jargão popular “tenho que ser santa na rua e puta na cama”.
Muitos ainda acreditam que mulher para casar, imprescindivelmente, tem que ter um passado “honroso” não ter sofrido nem cometido nada que seja amoral ou escandaloso aos olhos da sociedade. Então, se você não atende a um destes requisitos, infelizmente, você não é considerada um bom exemplo de mulher para casar.
Nesta perspectiva, nós mulheres, parecemos estar em uma vitrine de qualquer “buteco” barato em exposição esperando o bom samaritano nos escolher e nos levar para casa como troféu. E ainda temos a obrigação de nos sentir gratas pois, do jeito que estão as coisas encontrar um homem que queira casar é raro. Ora, como se nosso maior objetivo na vida fosse o casamento e não fossemos capazes de viver nossas vidas independentemente desse laço que não garante felicidade.
Então, se você é o tipo de mulher que gosta de ir para baladas, gosta de curtir a vida, de aproveitar seus momentos, se você não curte ficar sozinha muito tempo, se você gosta de sentir prazer e já teve vários casos amorosos e, se mesmo assim, você pensa em casar-se, é hora de começar a “preocupar-se” pois, para a grande maioria, você não é uma mulher para casar.
Afinal, nenhum homem quer casar com um corrimão de escada (denominação extremamente pejorativa utilizada para classificar as mulheres que já tiveram muitos namorados/amantes) pois, o homem necessita ter uma esposa imaculada/santa e digna de receber seu sobrenome.
Diante de todos estes fatos que estão presentes no dia a dia da mulher resta fazermos as seguintes reflexões: Como nós, enquanto mulheres lutamos para mudar essa realidade deplorável que nos persegui á séculos? Será que temos que aceitar sermos vistas e tratadas como um objeto de posse masculina, um ser carente que precisa de um casamento para torna-se digno da sociedade? Ora, a resposta a essas questões é, obviamente, um sonoro NÃO! ( Esclareço aqui, que esta é uma reflexão sobre como a sociedade criou a imagem da mulher perfeita para casar e como essa imagem ainda é presente na nossa sociedade atual, não se trata de uma discussão sobre o valor do matrimonio e sim de como é imposto a mulher certos comportamentos).
Precisamos urgentemente entender que, antes de sermos mulheres somos seres humanos e não devemos ser moldadas à vontade de terceiros, muito menos sermos escolhidas e levadas para casa como troféus. O casamento é uma opção de cada mulher e não uma obrigação imposta, pois temos todo o direito de vivermos da forma que acharmos melhor, que quando decidirmos casar ( se optarmos por isso , é claro) sejamos vistas como uma mulher em toda a extensão da palavra. Exigimos tratamento digno e respeitoso e que não sejamos julgadas por nossas opções de vida.
Afinal, se a sociedade espera que uma mulher para casar seja um objeto de posse masculina, um ser sem vontade própria que vive em função do marido, da casa, dos filhos, que se anule e renuncie seus direitos dando prioridade a suas obrigações de dona de casa, de esposa, de mãe, de mulher de família…. Se mulher para casar tem que ser assim, então, que esta sociedade machista seja eternamente solteira, pois nós, mulheres, acordamos e percebemos que casamento é uma opção não uma obrigação.
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