O avião ATR-72-500, que sofreu um acidente fatal em São Paulo, matando 62 pessoas, havia passado 17 dias parado em Salvador após um “dano estrutural” durante o pouso no Aeroporto Internacional da capital baiana. A informação foi revelada em uma reportagem do Fantástico, exibida pela TV Globo no último domingo (11). Segundo a matéria, a aeronave apresentava uma série de problemas técnicos, incluindo falhas no sistema de ar-condicionado, e a empresa Voe Pass, responsável pelo avião, é acusada de irregularidades na manutenção de sua frota.
A reportagem do Fantástico detalha que o ATR-72-500 ficou no hangar de Salvador entre os dias 11 e 28 de março deste ano, antes de ser enviado para Ribeirão Preto. A informação foi obtida por meio de um cruzamento de dados, incluindo arquivos da Força Aérea Brasileira. No entanto, a reportagem não especificou quais foram os “danos estruturais” identificados na aeronave.
Em julho, o mesmo avião sofreu uma despressurização em pleno voo, o que exigiu uma nova parada para manutenção. O comandante Ruy Guardiola, um dos primeiros a operar voos de ATR no Brasil e ex-funcionário da Passaredo (atual Voe Pass), foi entrevistado pelo Fantástico. Ele enfatizou a gravidade dos danos estruturais e levantou dúvidas sobre a correção dos problemas durante a manutenção da aeronave.
Outro ex-funcionário da Passaredo relatou que uma das aeronaves era apelidada de “Maria da Fé” devido aos recorrentes problemas técnicos enfrentados durante os voos. O comandante Ruy também compartilhou um episódio alarmante que testemunhou:
“O problema foi detectado no nível de aquecimento de um dos sistemas. A solução encontrada pela manutenção foi a colocação de um palito de fósforo, ou de dente. Eu vi, com esses olhos que a terra há de comer,” contou.