Pesquisadores da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) em Minas Gerais conseguiram reeducar células de defesa do organismo para combater o câncer de mama. O estudo abre caminho para desenvolver novos tratamentos de imunoterapia, ou seja, que estimulam o próprio sistema imunológico a reconhecer o tumor como algo a ser destruído.
Para chegar a esse resultado, os cientistas usaram nanopartículas de óxido de ferro, que são estruturas muito pequenas capazes de uma grande interação com as células e com baixa toxicidade. O objetivo era modificar um tipo de célula de defesa, os macrófagos, para que elas pudessem combater o câncer. Essas células compõem quase metade da massa de um tumor.
Enquanto um tipo de macrófago, o M1, ajuda a limitar o crescimento das células cancerosas porque tem características inflamatórias, o tipo M2, ao contrário, tem ação anti-inflamatória e permite o crescimento das células tumorais. As nanopartículas introduzidas nas células alteram a quantidade de ferro presente e fazem uma reprogramação celular. Assim, elas transformam o M2 em M1.
Os cientistas fizeram o estudo em 3 etapas: primeiro testaram o efeito in vitro, cultivando macrófagos e células tumorais em laboratório. Em contato com as nanopartículas, eles conseguiram fazer a reprogramação dos macrófagos e provocar a morte das células indesejadas. Depois, foi feito um ensaio em um modelo 3D multicelular, que imita o microambiente do tumor do câncer de mama, incluindo outras células do organismo humano.