Fonte: Voz da Bahia
A Liga das Nações feminina em 2019 é dos Estados Unidos. Neste domingo, em Nanquim, na China, vitória na final, de virada, sobre o Brasil, por 3 sets a 2, parciais de 20-25, 22-25, 25-15, 25-21 e 15-13.
Uma derrota dolorida para quem abriu 2 a 0, mas que deixa alguns pontos positivos para a sequência do trabalho neste ciclo olímpico:
1) Existia uma tremenda desconfiança no trabalho desta Seleção dois meses atrás. Bastava uma rápida leitura na caixa de comentários dos sites especializados e nas redes sociais para sentir um enorme negativismo. Críticas fazem parte de qualquer processo, mas descambar para ofensas, falta de respeito e educação extrapola o bom senso e a civilidade.
2) José Roberto Guimarães canalizou boa parte da “ira” da torcida. E admito que me incomoda demais ver um tricampeão olímpico, em um país distante de ser uma potência esportiva, ser tratado assim. É lógico que um trabalho iniciado em 2003 tem erros, derrotas doloridas e escolhas questionáveis. Mas não esqueçam que neste caminho o Brasil ganhou dois ouros olímpicos, uma infinidade de conquistas internacionais e segue na elite mesmo em uma difícil transição entre gerações.
3) Adenízia, Bruna Honório, Gabi Cândido, Drussyla, Thaisa, Dani Lins, Camila Brait, Tássia, Fernanda Garay, Tandara, Carol Gattaz, Michelle, Fabiana, Rosamaria… Por diferentes motivos, essas jogadoras não quiseram e/ou puderam fazer parte da Seleção. Qualquer equipe do planeta teria dificuldades para ser montada com um cenário assim.
4) A quantidade de ausência abriu a oportunidade para jogadoras pouco credenciadas para a Seleção até então. E talvez essa seja a grande herança da VNL-2019. Paula Borgo e Lorenne, reservas em seus times no Brasil, deram conta do recado na saída de rede. Paula foi titular em boa parte do torneio. Oscilou em alguns momentos, mas amadureceu. Lorenne seria substituída por Tandara nas finais. Ficou com a vaga por conta de uma lesão da campeã olímpica. E, quem diria, entrou na semifinal contra a Turquia, jogou bem, ganhou a titularidade na decisão e não sentiu o peso de um jogo deste tamanho.
5) Em grande parte da competição, a Seleção se beneficiou do entrosamento e da estrutura de jogo do Itambé/Minas: Macris, Natália, Gabi, Mara e Léia.
6) Gabi, como já escrito em outras ocasiões, assumiu um protagonismo maior na Seleção, principalmente no ataque. E foi enorme em grande parte da competição. Na final, não estava nos seus melhores dias até a metade do segundo set, quando Natália se lesionou (uma pena!) e precisou deixar a quadra. Ficou sobrecarregada.
7) A camisa 20 da Seleção cai muito bem para Bia. Pode fazer uma temporada de clubes apenas irregular, mas cresce demais de produção com a Amarelinha. Teve uma atuação incrível no bloqueio em toda a VNL, demonstrou evolução na defesa e muita personalidade em momentos decisivos. Merece aplausos.
8) Sair de quadra derrotado em um jogo como o de hoje, com enormes variáveis táticas diferentes, com uma carga emocional tremenda, dá “casca” para qualquer time do planeta. O Brasil deve amadurecer após o resultado.
9) O Brasil entrou na Liga das Nações para fazer um laboratório para o Pré-Olímpico, principal competição de 2019. Sai sem o título, mas com mais opções de atletas para o restante do ciclo para Tóquio-2020.
10) E fica a dica para os “haters”. Críticas construtivas são diferentes de xingamentos e grosserias.