Um cruzamento de dados envolvendo o programa Bolsa Família revelou um esquema de lavagem de dinheiro ligado à facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). Segundo relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), beneficiários do programa estariam sendo usados como “laranjas” para movimentar recursos do crime organizado.
A investigação aponta movimentações bancárias incompatíveis com a renda declarada de inscritos no Bolsa Família. Técnicos do Coaf identificaram transações vultosas passando por contas que, em tese, deveriam pertencer a cidadãos em situação de vulnerabilidade econômica. A suspeita é que essas pessoas estejam emprestando seus dados e contas bancárias a criminosos.
O esquema, segundo apurado, utiliza bancos digitais e fintechs para dificultar o rastreamento dos valores, oriundos principalmente do tráfico de drogas, roubos e extorsões. Ao menos centenas de operações suspeitas já foram rastreadas pela Polícia Federal e estão sendo analisadas com o apoio do Ministério Público.
A presença do PCC por trás das movimentações levanta um alerta para a fragilidade de alguns mecanismos de controle social, evidenciando a importância do monitoramento rigoroso na concessão e uso de benefícios públicos.