Após falas preconceituosas, aluno de medicina, filho de motoboy, desabafa: ‘Meu pai vendeu a casa’

Anderson Ferreira Bastos Júnior, de 23 anos, mora no município de Itaperuna, no Rio de Janeiro, e está no último período do curso de medicina na Unig (Universidade de Iguaçu), instituição privada com mensalidades que podem ultrapassar R$ 10 mil nos cursos da área da saúde. 

De origem humilde, o filho de motoboy nunca deixou de sonhar e ir em busca dos objetivos para conseguir mudar a sua trajetória de vida e o futuro da família. “Quando terminei o ensino médio no Instituto Federal Fluminense, prestei o vestibular e passei. Não sabíamos o que fazer, nem como pagar. Meu pai vendeu uma casa, um carro, e até fez um empréstimo no banco para conseguirmos manter o curso ao longo destes anos”, lembra.

O jovem explica que, havia muito tempo, o pai abriu um pequeno comércio de bebidas na cidade, e o estabelecimento cresceu, até se tornar uma distribuidora. “Ele fazia as entregas com uma bicicleta. Depois, com o passar dos anos, conseguiu comprar uma moto e até um carro, mas isso não foi da noite para o dia. Foi pelo trabalho dele, do qual tenho muito orgulho, que me ajudou com o meu estudo”, destaca.

Segundo o estudante, os anos da graduação foram vividos de forma intensa e com muita angústia. “A cada renovação do semestre, era um tormento, porque nem eu nem meu pai sabíamos se conseguiríamos pagar o valor, já que na rematrícula é cobrado o valor integral da mensalidade”, conta.

Juntos e com uma corrente de solidariedade feita em família, os valores foram sendo arrecadados pouco a pouco, mês a mês, e o sonho de se tornar médico já não era só de Anderson, mas sim de todos os familiares. “Sempre quis estudar medicina, mas era uma realidade distante da qual eu vivia”, diz. O jovem conta que sempre se dedicou aos estudos e se destacou pelas notas de excelência no colégio. 

Durante a pandemia de Covid-19, com a ajuda de um colega, criaram o Coneuro (Congresso Online de Neurocirurgia). “Conseguimos 36 palestrantes para falar sobre neurocirurgia e neurologia, e obtive um bom retorno financeiro”, lembra. O evento virtual deu tão certo que os jovens planejam a quarta edição. “É uma forma de ganhar dinheiro e ajudar a custear meus estudos”, conta o universitário, que tem interesse em se especializar nas duas áreas.

Fonte: R7, Record TV