Uma infecção na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Geral Roberto Santos (HGRS), em dezembro do ano passado, obrigou a comissão de controle de infecções hospitalares da unidade a tomar uma medida drástica.
O descarte de colchões velhos, diretamente ligado à presença de bactérias, provocou a redução de leitos disponíveis nos diversos setores da unidade. Funcionários da unidade confirmaram que a diminuição do número de leitos ocorreu devido à falta de colchões para repor os que foram descartados durante o processo de desinfecção.
Tanto o Sindicato dos Trabalhadores em Saúde da Bahia (Sindisaúde) quanto o Sindicato dos Médicos da Bahia (Sindimed-BA) confirmaram a existência do surto, já controlado. Ambos afirmam que foi causado pelas bactérias multirresistentes KPC e Cianobacter.
O hospital não soube informar quantos colchões foram descartados. Tiveram que ser jogados fora todos aqueles que estavam danificados, muito velhos ou rasgados, já que poderiam facilitar a proliferação de bactérias.
A reportagem teve acesso a parte das dependências do hospital. Nas enfermarias e na emergência, confirmamos o problema e registramos imagens de leitos de, pelo menos, seis quartos de enfermarias sem colchões.
O HGRS possui 114 leitos de emergência, 336 de enfermarias, 14 de Unidades Intermediárias (UAVC) e 93 de UTIs. O CORREIO apurou que a diminuição foi de 16 leitos na enfermaria de Infectologia para 3 leitos.
No setor de endocrinologia, a redução foi de 8 leitos para 1 e no setor de clínica médica foi de 32 leitos para cerca da metade. Na emergência, o problema se repete.
“Vi algumas macas vazias no corredor sem colchão. Como não tinha maca, em dias mais cheios chegamos a ter que atender pacientes no chão ou na cadeira”, apontou uma funcionária da emergência.
Ali, outro flagrante confirmou o que disse a funcionária. Registramos imagens de um paciente que chegou a levar um colchão de casa, alugou uma maca e, sem leito, passou a noite no chão.
O autônomo Adinailton de Jesus Pereira, 46 anos, chegou com dores de coluna e usou um colchão dele próprio para se acomodar no chão da recepção do Roberto Santos. Abaixo do colchão, uma maca alugada pela família.
“Ele tem uma fratura na coluna e precisa de cirurgia. É um absurdo a pessoa chegar nesse estado e não tem nem onde deitar”, protestou a sobrinha de Adinailton, Laiza Nery Santos. Somente na manhã seguinte, o paciente foi colocado em uma sala improvisada. Fonte: Correio 24hs.