Mulher é demitida em Santo Antônio de Jesus por intolerância religiosa, diz candomblecista

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Em pleno século XXI ainda é evidente o racismo contra as religiões de matriz africana. No segundo dia do V Santo Antônio Negro, nesta quinta-feira (24/11), aconteceu na UFRB em Santo Antônio de Jesus uma roda de conversa com o candomblecista Devson Ferreira sobre a Religião do Candomblé como Instrumento de Resistência de um Povo. Neném, como é conhecido, relatou um fato lamentável ocorrido em um Posto de Combustível às margens da BR 101 em Santo Antônio de Jesus.

“Eu parei para abastecer, e a frentista perguntou se a música que eu estava ouvindo era de candomblé, disse que sim e ela falou ‘DEUS É MAIS’, respondi que tinha parado para abastecer, mas preferia ser atendido por outra pessoa, ela me falou ‘AINDA BEM’. Desci do carro, pedi ao proprietário do Posto para conversar com ela, mas ele preferiu demiti-la”, narrou. Filho da Mãe Nilza no Alto do Morro, zona rural de Santo Antônio de Jesus, Neném falou que recebe visita de pessoas de várias religiões, inclusive de evangélicos, mas quando ele encontra essas pessoas na rua, eles mudam de caminho com vergonha de ser identificado.

“Para essas pessoas eu digo que existe ética dentro do candomblé e não costumamos revelar para terceiros as enfermidades e problemas daqueles que nos visitam”, esclareceu. Indagado por uma universitária se há cartilha no candomblé como a bíblia, o mesmo respondeu que cada terreiro segue um ritual próprio, no entanto todos são pautados pelo amor, bondade e respeito. Disse também que toda sexta-feira os homens de santo usam rouba branca e por este motivo sofrem muito preconceito. “Essa resistência surge no sincretismo religioso e segue até hoje, mas o importante é saber que temos nossos direitos garantidos por lei e se a pessoa agir com intolerância podemos processá-la”, destacou Neném. Fonte: hélio Alves / Tribuna do Recôncavo.