O Juventude Viva foi lançado em Salvador, nesta segunda-feira, com recursos federais da ordem de R$ 200 milhões e ações voltadas para 20 municípios. O termo de adesão a esse Plano do governo federal foi assinado pelo governador Jaques Wagner em parceria com os seis prefeitos da região metropolitana da capital. A cerimônia contou com a presença dos ministros Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral) e Luiza Bairros (Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial), pastas responsáveis pela coordenação da iniciativa, além de outras autoridades do governo federal e dos governos estaduais e municipais. O evento foi prestigiado também por representantes do Conselho Nacional de Juventude e outras entidades representativas da sociedade civil.
Na abertura da cerimônia, o ministro Gilberto Carvalho afirmou que o Juventude Viva é uma obrigação do Estado, que deve oferecer alternativas de vida à população jovem. Ele lembrou que o foco do Plano está na prevenção das situações de violência que têm vitimado, sobretudo, os jovens pobres e negros. “O objetivo é oferecer oportunidades na linha da formação profissional, da atividade cultural, esportiva, da saúde, para que o jovem tenha chances de se firmar na vida sem ser pego pela violência, pelo tráfico. Esse Plano é uma tentativa de concentrar programas federais, estaduais e municipais em uma área, em um território, oferecendo um novo caminho”.
O ministro ressaltou que as opções de escolha não podem ser privilégio dos jovens de classe média e classe média alta. “ Não é possível que os jovens continuem desempregados, sem poder concluir seus estudos, sem alternativa de qualificação profissional, de cultura, esporte e lazer, porque isso tudo fica reservado ao jovem de classe média e classe média alta. Nós temos muitas mães sonhando com um filho médico, engenheiro, jornalista, seja o que for, mas que acabam chorando a perda desses filhos para a violência”.
Já a ministra Luiza Bairros enfatizou que o Estado deve ser o responsável primário pelo enfrentamento ao racismo, que é uma das principais causas do problema, mas que o desafio só será superado se a sociedade como um todo acreditar que isso é possível. “Nós só vamos acabar com essas mortes se acreditarmos nisso como possibilidade, pois é nessa crença, nesse tipo de sonho, que mobilizamos uma sociedade, uma militância. É acreditando na possibilidade de transformação. Se os jovens da Bahia não acreditarem que a sociedade está mudando, o Juventude Viva não irá funcionar. Portanto, o Plano é muito mais que uma ação de governo, ele será exatamente aquilo que nós, enquanto sociedade, acreditarmos que será”.
Em sua fala, o governador Jaques Wagner disse que o grande objetivo do seu governo é diminuir os homicídios em todo o estado, sobretudo dos jovens negros, com idade entre 15 e 29 anos. Ele explicou que o governo já vem trabalhando nesse sentido, por meio do programa Pacto pela Vida, que começa a apresentar os primeiros resultados. Segundo o governador, de janeiro a outubro de 2013, foi registrada uma queda de 14% nos números de homicídios em comparação ao mesmo período do ano passado. Para Wagner, a adesão ao Juventude Viva vem reforçar essa “batalha”, com o aporte de mais recursos, novas tecnologias e novas práticas de gestão pública. No entanto, ele fez questão de lembrar que a superação da violência não acontece do dia para a noite. “Essa será uma luta e um desafio longo a ser conquistado. O crime é hoje uma multinacional do mal, que movimento bilhões com o tráfico e corrompe pessoas, sobretudo os jovens”.
Durante a cerimônia, a secretária nacional de Juventude, Severine Macedo, falou sobre a estratégia de atuação do Juventude Viva, ressaltando que a iniciativa não é um favor à sociedade. “Ela é resultado de um processo de discussão, de reivindicação e de denúncias por parte da sociedade. Todo o Plano foi construído ouvindo os movimentos e entidades. O Juventude Viva é uma resposta do Estado brasileiro a uma dívida histórica que o Brasil possui com a juventude negra”. A cerimônia contou, ainda, com a fala do DJ Marcelo Branco, que integra o Conselho de Desenvolvimento da Comunidade Negra da Bahia. Ele pediu um minuto de silêncio em homenagem a todas as mães que perdem seus filhos e familiares para a violência policial.
Juventude Viva na Bahia – O Juventude Viva vem somar esforços ao programa Pacto Pela Vida, desenvolvido pelo governo baiano desde 2011, com o objetivo de reduzir os índices de violência, com ênfase na diminuição dos crimes contra a vida. Serão priorizados os municípios onde a população negra se encontra mais vulnerável, com foco inicial na Região Metropolitana. Além de Salvador, serão atendidos jovens de Feira de Santana, Vitória da Conquista, Itabuna, Simões Filho, Lauro de Freitas, Porto Seguro, Camaçari, Ilhéus, Teixeira de Freitas, Eunápolis, Valença, Alagoinhas, Juazeiro, Paulo Afonso, Jequié, Santo Antônio de Jesus, Dias d`Ávila, Candeias e Mata de São João.
O Juventude Viva articulará, na Bahia, programas e ações dos governos federal e estadual, além de importante participação dos municípios, em áreas como educação, saúde, cultura e qualificação profissional, a fim de promover a inclusão social e garantir direitos dos jovens negros para reverter o quadro de violência e de homicídios. Para isso, será criado um comitê gestor vinculado ao Comitê Executivo do Pacto Pela Vida sob a coordenação das secretarias estaduais de Relações Institucionais (Serin) e de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi).