Após uma semana de intensos confrontos com forças rebeldes levando dezenas de milhares de sírios a deixarem suas casas, as tropas do governo recuperaram um povoado ao norte de Aleppo, informaram autoridades e ativistas da oposição. A conquista levou os combatentes do regime mais próximos à fronteira com a Turquia, onde cerca de 35 mil pessoas estão acampadas em tendas improvidas enquanto aguardam para entrar no país vizinho, fechado pelo quinto dia seguido — autoridades temem que até 600 mil cheguem. Para discutir o drama humanitário, a chanceler alemã, Angela Merkel, visitou Ancara nesta segunda-feira.
Precisamos de um projeto visível. Os refugiados querem ver escolas, e rápido. Precisamos assegurar que não haverá muitos obstáculos burocráticos — advertiu a líder alemã em coletiva de imprensa com o premier turco, Ahmet Davutoglu.
O mais recente avanço do Exército ocorre no povoado de Kfeen, uma zona rural na região de Aleppo. Segundo a agência estatal de notícias “Sana”, os soldados eliminaram o último grupo de rebeldes instalados no local, que foram classificados como terroristas. A emissora de televisão do grupo Hezbollah, al-Manar, também noticiou a captura e divulgou imagens direto da vila.
A ofensiva foi apoiada pela Rússia e pelo Irã, num movimento que ameaça o futuro da insurreição rebelde. Milícias apoiadas pelo Irã tiveram um papel fundamental no solo ao mesmo tempo que caças russos intensificavam bombardeios, o que permitiu ao Exército sírio assumir o controle de importantes áreas no Norte do país pela primeira vez em mais de dois anos.
Nossa existência está agora ameaçada, não estamos apenas perdendo terreno disse o combatente Abdul Rahim al-Najdawi, do grupo rebelde Liwa al-Tawheed. — Eles estão avançando e nós estamos recuando porque em face a ataques aéreos tão fortes, precisamos minimizar nossas perdas.
Mas, ao passo que o regime comemora, o drama humanitário se agrava ainda mais no país há quase cinco anos imerso em uma guerra civil. As imagens na fronteira turca denunciam o desespero vivido por cerca de 35 mil sírios impedidos de entrar no país vizinho, apesar dos apelos dos líderes da UE para deixá-los atravessar.
O vice-primeiro-ministro, Numan Kurtulmus, advertiu que a pior situação a curto prazo poderia ser “uma nova onda de 600 mil refugiados na fronteira”, já que pelo menos 150 mil estão em movimento após o avanço das tropas de Bashar al-Assad. A Turquia alega não ter recursos financeiros e nem estrutura para abrigar mais que os atuais 2,5 milhões de sírios em seu território.
Para tentar minimizar a gravidade da situação, no domingo o governo enviou caminhões de ajuda e ambulâncias para a população.
Em algumas partes de Aleppo o regime de Assad interrompeu o corredor norte-sul… A Turquia está sob ameaça — disse o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, a repórteres em seu avião de volta de uma visita à América Latina, segundo o jornal “Hurriyet“.