Professor da UFRJ condenado na França por terror decide deixar o Brasil

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Investigado pela Polícia Federal após ter sido preso pela Justiça francesa por ligações com o planejamento de atentados terroristas, o professor Adlène Hicheur decidiu deixar o Brasil. De acordo com seus colegas na UFRJ e Do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), Hicheur resolveu adotar esta medida após conversar com sua família, que mora em Lyon, na França. Hicheur não comentou quando sairá do país e onde pretende morar, mas que, como relatou a seus amigos, é uma “questão de honra” viajar por conta própria, antes de ter o visto suspenso.

Segundo os professores, Hicheur está evitando aparições públicas — diminuiu as idas à universidade e não voltou à Mesquita da Luz, na Tijuca, que costumava frequentar.

— Ele está se sentindo ameaçado pelo governo — conta Ronald Shellard, diretor do CBPF. — É uma vergonha ver um país que acomoda tão bem as pessoas se comportar desta maneira. Entendo que a Polícia Federal monitore o movimento de cidadãos antes das Olimpíadas, mas este trabalho não deveria ser feito com alarde.

Embora não tenha contado aos colegas a data de sua viagem, Hicheur pretende sair do Brasil antes de eventuais complicações com a Justiça do país, que, segundo Shellard, “manchariam ainda mais o seu histórico”.

No início da semana, Hicheur recebeu duas cartas de apoio assinada por seus colegas — uma de nove cientistas brasileiros, outra de cinco estrangeiros.

De acordo com os pesquisadores estrangeiros, “o professor Hicheur já pagou um preço alto por sua correspondência on-line em 2009 com um interlocutor acusado de ser da al-Qaeda. O Prof. Hicheur nunca cometeu, direta ou indiretamente, qualquer crime ou ato terrorista. Ele cumpriu sua sentença completamente e tem trabalhado pacificamente no Brasil por vários anos”.

Os colegas brasileiros, por sua vez, afirmam que as fases da prisão, julgamento e condenação do professor foram “vazia (sic) de provas”: “Não havia provas para assegurar sua associação a grupo terrorista a não ser essa conversa que mais parecia uma tentativa de aliciamento”.

A carta também ressalta que os responsáveis pela contratação de Hicheur e as autoridades brasileiras responsáveis pela concessão do visto foram informadas de seu caso judicial. (O Globo)