Tratamento contra câncer de próstata pode duplicar risco de Alzheimer

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O tratamento antiandrogênico contra o câncer da próstata quase duplica o risco dos homens virem a sofrer da doença de Alzheimer, face aos que não recorrem a esta terapia, segundo uma análise de dados clínicos de dois hospitais norte-americanos. Quanto maior for a duração deste tratamento, que bloqueia o funcionamento da testosterona e impede a sua ação, maior é o risco dos homens serem diagnosticados com Alzheimer, concluíram os investigadores deste estudo que foi publicado na segunda-feira na revista médica Journal of Clinical Oncology.

 A pesquisa não prova que o tratamento antiandrogénico aumenta este risco, mas aponta claramente esta possibilidade. Estes resultados corroboram outras evidências segundo as quais um baixo nível de testosterona, o hormônio masculino, diminuiria a resistência do cérebro contra a doença de Alzheimer nas pessoas que envelhecem. “Com base nos resultados do nosso estudo, o aumento do risco de Alzheimer é um efeito potencial do tratamento antiandrogênico, mas são necessárias mais pesquisas antes de alterar a prática médica para o tratamento do câncer da próstata”, explicou Nigam Shah, professor adjunto de informática biomédica da Universidade de Stanford (Califórnia) e principal autor do estudo. Os androgênios, os hormônios masculinos, desempenham um papel essencial ao estimular o crescimento das células cancerosas da próstata. Por isso, as terapias que suprimem a produção dos androgênios são frequentemente usadas contra o câncer. As estimativas indicam que cerca de 500 mil homens norte-americanos com tumores na próstata são tratados com antiandrogênicos. Mas o fato de reduzir fortemente a atividade destes hormônios pode ter efeitos secundários nefastos, referem os autores.