Polícia caça terroristas em Saint-Denis, um subúrbio ao norte de Paris

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Uma megaoperação da polícia francesa que durou sete horas nesta quarta-feira na cidade de Saint-Denis, ao norte de Paris, para capturar suspeitos de envolvimento nos atentados da última sexta-feira terminou com dois terrorista mortos, incluindo uma mulher-bomba, e sete presos. Segundo fontes próximas à investigação, os terroristas planejavam um novo ataque: desta vez ao centro financeiro parisiense de La Defense.

Depois de encerrar a ação na área de um apartamento onde estariam os militantes islâmicos, os agentes se deslocaram para a Igreja de Saint-Denis, onde tentaram entrar, mas não se sabe o que os levou ao local. Em entrevista aos jornalistas, o procurador francês Francois Molins não confirmou se o principal alvo da ação, o belga Abdelhamid Abaaoud que seria o mentor dos ataques de Paris, estava no edifício, e o ministro do Interior, Bernard Cazeneuve, disse que a Inteligência francesa tinha informações de que o jihadista estaria em Paris.

— No contexto do inquérito temos muito trabalho feito, que nos permitiu obter, por telefonemas, vigilância e testemunhos, elementos que permitiram pensar que Abaaoud estava no apartamento de um dos conspiradores em Saint-Denis — disse Moulins.

Diante do Conselho de Prefeitos, François Hollande elogiou a operação policial e se disse orgulhoso da capacidade das autoridade de proteger os cidadãos. Mais uma vez, o presidente afirmou que a França está em guerra contra os jihadistas do Estado Islâmico e pediu ajuda internacional para uma grande coalizão de combate ao grupo.

— Estas ações confirmam que estamos em guerra contra o terrorismo — disse Hollande. — O país inteiro foi atacado, nossos direitos universais.

Segundo as autoridades, o segundo terrorista morto foi atingido por uma granada. Entre os detidos, três homens estavam dentro do apartamento, duas outras pessoas foram encontradas “escondidas nos escombros”, além do responsável por alugar a residência e uma amiga que o acompanhava. Antes de ser preso, o locatário afirmou que um amigo pediu que ele abrigasse dois conhecidos por alguns dias.

— Eu fiz um favor. Não sabia que eles eram terroristas — disse o homem, que foi detido com uma amiga que estava com ele.

Além de Abaaoud, a polícia também buscava o francês foragido Salah Abdeslam e outro suspeito ligado ao massacre. Mas ainda não foi confirmado se eles foram presos. Os supostos militantes islâmicos cercados planejavam um ataque ao distrito financeiro parisiense de La Defense, segundo uma fonte próxima às investigações. Até então, acreditava-se que Abaaoud estaria na Síria, de onde teria planejado os atentados.

OPERAÇÃO NA MADRUGADA

Mais cedo, foram registrados um tiroteio intenso e sete explosões. Os disparos começaram por volta das 4h30m locais (1h30m no horário de Brasília) e duraram cerca de uma hora em Saint-Denis. Cinco policiais ficaram feridos e um cachorro que fazia parte das forças especiais morreu durante a ação. O animal, um pastor belga, tinha 7 anos e se chamava Diesel.

A região da operação policial fica a cerca de dois quilômetros do Stade de France, alvo de um dos ataques terroristas de sexta-feira, que deixaram ao menos 132 mortos e 352 feridos em Paris. Estradas na área foram bloqueadas e reforços militares estão patrulhando. O transporte local foi suspenso e as escolas não vão abrir nesta quarta-feira.

GUERRA AO TERROR NA FRANÇA
Os moradores foram orientados a permanecer em suas casas e longe das janelas. Segundo o jornal “Le Figaro”, 15 pessoas, entre mulheres e crianças, foram retiradas do edifício onde estão os terroristas. Alguns foram transferidos para um abrigo temporário na prefeitura. Nabil Guerram, de 36 anos, que vive perto da Basílica de Saint-Denis contou que acordou com o barulho das explosões:

— Acordei às 4h20m com 36 os sons de um tiroteio intenso. Meu filho estava chorando. Teve um tiroteio ininterrupto por um período de 20 a 25 minutos, então acalmou, e começou de novo por muito tempo — disse Nabil.

REUNIÃO DE EMERGÊNCIA

O presidente François Hollande foi informado desde a madrugada sobre os detalhes da operação em Saint Denis e marcou para a manhã desta quarta-feira uma reunião de emergência com o primeiro-ministro Manuel Valls, o ministro do Interior Bernard Cazeneuve, da Defesa Jean-Yves Le Drian, das Relações Exteriores Laurent Fabius e de Justiça Christiane Taubira. No encontro, foi apresentado o projeto de lei para prolongar o estado de emergência na França por três meses.