RJ: Prefeitura vai mapear parques de diversão sem licença, após criança morrer eletrocutada

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As 19 inspetorias da Secretaria Municipal de Ordem Pública (Seop) vão mapear quais os parques de diversão da cidade estão sem as licenças para funcionar. As medidas foram tomadas após um menino de 6 anos morrer eletrocutado, na noite de domingo, quando estava na fila de um brinquedo do Looping Park, um parque itinerante, que estava no Complexo do Alemão, na Zona Norte. Ontem o parque foi desmontado.

Agentes da Seop desmontaram o Looping Park, na Av. Itaoca, no Complexo do Alemão, onde o menino Samuel Goulart, de 6 anos, morreu eletrocutado no último domingo
Foto: Ernesto Carriço / Agência O Dia
A Seop não soube dizer quantos estabelecimentos de entretenimento infantil estão instalados no município. Nesta terça-feira, cerca de 40 agentes da prefeitura desmontaram o Looping Park. Ao todo, 15 brinquedos grandes integravam o espaço.

O parque de diversão funcionava há duas semanas na Avenida Itaoca, na parte baixa da comunidade. O secretário de Ordem Pública, Leandro Matieli, reconheceu, ontem, que houve erro na fiscalização da prefeitura.


O pequeno Samuel Goulart Freire dos Santos foi sepultado no início da tarde de terça-feira, no Cemitério de Inhaúma

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Foto: Severino Silva / Agência O Dia

Segundo ele, o lugar não teve nenhuma ação fiscalização e, por isso, o secretário determinou abertura de sindicância pela corregedoria para apurar mais detalhes sobre o possível descaso e identificar os responsáveis.

Além de Matieli, o advogado do Looping Park admitiu que não havia licença e acrescentou que a empresa está à disposição da família e das autoridades públicas.

Também na terça-feira, a vítima fatal, Samuel Goulart Freire, foi enterrado no Cemitério de Inhaúma, na Zona Norte. Na ocasião, o pai da criança, Silvio Goulart, pediu prisão dos donos do parque. “Se forem punidos, não haverá esses parques espalhados pela cidade. E que os governantes, sei que o Rio é grande, procurem tomar conta de cada espaço. Só assim não teremos mais crianças como o Samuel perdendo vidas”, ressaltou.

Silvio Goulart estava trabalhando no dia da morte e, antes de sair para o ofício, ainda recebeu um beijo do garoto e a saudação “Vai trabalhar, papai.”

Samuel estava acompanhado da mãe, Paula Andreia Freire Costa, de 38 anos, e da irmã de 9 anos, quando recebeu uma descarga elétrica ao encostar em uma grade de ferro. A criança chegou a ser socorrida, porém, já estava sem vida ao chegar ao hospital, no próprio Alemão.

Além da criança, outro menino levou o choque, Guilherme Furtado Jorge, de 8 anos, mas já recebeu alta no hospital, na segunda-feira. O menor foi salvo pelo pai, que percebeu a descarga elétrica a tempo.

Multas em parques tradicionais e até com licença

A falta de licenças também é comum em parques fixos e nos localizados em áreas mais nobres. O Procon Estadual, autarquia que também é responsável por vistorias em espaços infantis da cidade, pode multar o Rio Water Planet, na Zona Oeste, assim que for publicada a negativa de um recurso do parque, perdido na Justiça.

O estabelecimento recorreu da multa de R$ 35.268,30, aplicada após uma blitz do Procon, ocorrida no início de 2014. O valor foi estabelecido após o órgão constatar irregularidades como falta de alvará com aprovação e autorização de funcionamento, emitido pelo Corpo de Bombeiros, além de ausência do Laudo Técnico de Segurança dos equipamentos de diversão, este último, no prazo de 15 dias.

Em outra operação do Procon, em fevereiro, foram encontrados mais irregularidades em cinco outros empreendimentos para crianças. No Magic Games, no Via Parque, na Barra da Tijuca, o alvará estava vencido há mais de um ano.

Na Zona Norte, o Play Toy, do Shopping Carioca, foi flagrado com o extintor de incêndio despressurizado e não havia vistoria técnica nos fliperamas.

Também no episódio, duas unidades do Magic Games (Norte Shopping e Boulevard Shopping) não possuíam vistoria técnica dos fliperamas, sendo que na Magic Games Norte Shopping, todos os extintores de gás carbônicos estavam vencidos há um mês.

No Game Point, em Madureira, o mesmo problema dos demais em relação aos videogames. Mesmo com a tragédia do domingo, o Procon Estadual informou que não estão previstas novas ações em parques de diversão e acrescentou que não realiza fiscalizações em espaços itinerantes. (G1)